• Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.
Título do trabalho: A metrópole comunicacional que emerge dos aplicativos para dispositivos móveis: #umestudoemcomunicaçãoedesign
Nível: Doutorado
Autor: Fabrício Farias Tarouco
Orientador: Dr. Gustavo Daudt Fischer
Ano de defesa: 2014 Tags: Metrópole comunicacional; Dispositivos móveis; Aplicativos (apps); Softwarização; Smartphonização; Projetação; Audiovisualidades; Design; Tecnocultura; Cartografia; Flâneur.
Link da tese: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/4707
Fabrício Farias Tarouco é doutor em Ciências da Comunicação e mestre em Design Estratégico, ambos pela UNISINOS, com experiência nas áreas de design estratégico, cidades criativas, smart cities, turismo e experiências urbanas. Além do campo da Comunicação, é bacharel em Design Gráfico (UFPEL) e em Análise de Sistemas (UCPEL), especialista em Informática Gráfica (UCPEL) e realizou Estudos Avançados em Lenguajes y Sistema Informátivos na Universidad de Zaragoza (Espanha). Atualmente, na UNISINOS, atua como Coordenador do Bacharelado em Design, além de professor e pesquisador nos Programas de Pós-Graduação em Design e Arquitetura e Urbanismo.
Em sua tese de doutoramento, “A metrópole comunicacional que emerge dos aplicativos para dispositivos móveis: #umestudoemcomunicaçãoedesign”, defendida em 2014 sob orientação do professor Dr. Gustavo Daudt Fischer, tem como objetivo a compreensão da concepção de uma “metrópole comunicacional softwarizada” que emerge a partir do uso de aplicativos desenvolvidos para dispositivos móveis de comunicação (smartphones). Conforme aponta o pesquisador, essas mídias móveis passam a ser parte essencial de seu trabalho justamente por proporcionar mobilidade ao usuário que se move pelos espaços físicos. Isso promove uma maior interação com o contexto territorial, bem como dá a ver novas dinâmicas de comunicação e convívio.
Para além das características comunicacionais, a metrópole observada por Tarouco também é lida como um ambiente “criativo, projetual, audiovisual e softwarizado”, o qual recebe interferências de outras áreas do conhecimento – como o design. É olhando para este contexto que um conjunto de aplicativos para dispositivos móveis que exploram questões urbanas emergem enquanto um instrumento contemporâneo que irá dialogar de diferentes formas com esta múltipla metrópole. Enquanto norteador, Tarouco parte inicialmente da constituição de uma tríade com o intuito de provocar certo tensionamento levando à constituição de uma “nova” configuração da metrópole comunicacional (mais digital), sendo ela: metrópole comunicacional (um conceito), cidade softwarizada (um atributo), e aplicativos móveis (um suporte).
Sua análise busca dar a ver como se dá a concepção desta “metrópole comunicacional, projetada e softwarizada” quando observada pelo uso de aplicativos de dispositivos móveis. Aqui, o entendimento de metrópole é um recorte que será interpretado nos apps “urbanos”, os quais vão sendo detalhados em sua tese à medida que estes vão sendo explorados e dissecados. Assim, sua pesquisa faz uso do personagem flâneur (Walter Benjamin), enquanto recurso metodológico o qual gerou a definição e análise de 15 fragmentos contextuais extraídos da metrópole que estava sendo observada nos apps e em suas imagens. Além disso, Tarouco também convoca outras duas perspectivas metodológicas: a cartografia canevacciana (Massimo Canevacci) para o auxiliar no estudo da metrópole e, assim, colher fragmentos que à primeira vista parecem desconectados e imperceptíveis ao olhar de um indivíduo despretensioso – colocar-se enquanto estrangeiro; e, por conta da experimentação se dar de diferentes modos onde uma delas é digitalmente, é convocada a ideia de cidades cartográficas (Clancy Wilmott) a qual compreende que a cidade contemporânea passou a ser um local de negociações complexas entre tecnologia e pessoas.
Ao observar apps urbanos, “se busca retirá-los de seu uso cotidiano, ou seja, distanciá-los do fluxo de serem instalados e usados, interpretando-os com um olhar ‘um pouco de usuário’ e ‘um pouco de observador/pesquisador’”. (TAROUCO, 2014, p. 31). Trazendo imagens de seu exercício flaneurístico bem como outras imagens que são convocadas pelo seu devir de designer, sua pesquisa busca a todo momento mesclar a ideia de uma cidade projetada com a metrópole com a qual Tarouco tenta se desconstruir para, assim, conhecê-la. Assim, numa sobreposição às imagens que ilustram o capítulo de análise da pesquisa, serão encontradas as inscrições que o pesquisador faz nelas com a intenção de destacar algumas particularidades percebidas ou explicar melhor desdobramentos detectados.
A pesquisa apresenta um modo de apropriar da cartografia e de realizar o movimento de dissecação de forma bem artesanal: houve uma preocupação em flanar pelos apps, experimentar, até por fim realizar o recorte. Os apps urbanos utilizados em sua análise foram: AoVivo, B.O.Coletivo, BikePoA, Cidade Legal, EasyTaxi, Facebook, Foursquare, Google Maps, iCamViewer, Instagram, Lets’s Park, Mi Ciudad ideal, Moobly, MetroSP, Pocket Guide, Spotter, Swarm, Tinder, Tripadvisor e Tripadvisor City Guides, Waze, WhatsApp, Wikitude, WorldView, Yelp e outros apps que foram apenas referenciados. A dissecação que foi realizada nestes apps teve como intuito compreender sua lógica de funcionamento, bem como para desvendar as práticas que são derivadas dessas funcionalidades e o impacto dessas práticas na concepção de uma metrópole comunicacional digitalmente constituída. Para isso, foi realizada uma incursão por dentro destes aplicativos (sem um deslocamento geográfico direto) e um acompanhamento dos mesmos em uma experimentação externa do espaço urbano (com um deslocamento geográfico direto) – particularmente compreendido enquanto um flâneur digital.
A metrópole comunicacional (ou metrópole digitalmente projetada) que emerge dos apps foi organizada nos seguintes arranjos/fragmentos:
1) Projetual e digitalmente criativa (#metropoleprojetada): foram feitas movimentações na App Store, realizando uma busca nos tópicos relacionados chegando a 45 mil opções de apps desenvolvidos relativos à metrópole, onde dentre estes foram escolhidos para flanar “Let’sPark”, “Nightmap”, “B.O.Coletivo”.
Aqui, o recorte realizado se encontra na ‘era da informação’ onde é atravessado por um processo de ‘smartphonização’ da sociedade contemporânea, a qual apresenta essa ferramenta (dispositivos móveis) de ‘comunicação’ enquanto um “instrumento transformador” de determinadas práticas hoje exercidas nas metrópoles. Conforme aponta Tarouco, na origem de cada aplicativo encontram-se um conjunto de informações especializadas sobre um determinado segmento da cidade: ainda que permaneçam os aspectos comunicacionais, é o caráter projetual, criativo e tecnológico que passa a introduzir novas características na concepção desta metrópole comunicacional a qual está sendo interpretada aqui.
2) Conectando X carregando (#infradigital #acessando #senhawifi): aqui verificou-se o quanto a metrópole se encontra preparada para disponibilizar uma infraestrutura tecnológica adequada para ter suas práticas comunicacionais digitais explorando todo o potencial que carregam. Foram realizadas experimentações referentes ao uso da comunicação móvel e seus aplicativos para interação com o espaço urbano (3G e redes de wifi).
Houve, também, a descoberta de um segmento de usuários que utilizam redes público-privadas disponíveis em estabelecimentos comerciais ou zonas turísticas: “os seguidores de Wi-Fi”. O autor destaca três em especial: o app “Cobertura” (indica a localização de todas as antenas de telefonia móvel distribuídas no espaço urbano); o app “WifiMap” (localiza em um mapa todas as redes de wi-fi disponíveis ao público que frequenta uma determinada região); o app “ZonaGrátis” (além de localizar redes wi-fi próximas, emite também um aviso sonoro e por mensagem de texto toda vez que um usuário em deslocamento passa por alguma rede wifi aberta). Registra-se também a prática de “caçadores de tomadas”, por conta de mesmo que com uma tecnologia avançada, as baterias dos smartphones não duram tanto, e isso incide de certa forma na estrutura da metrópole estar preparada ou não para tais práticas.
3) A escorregadia metrópole de bolso e seus símbolos (#versaopocket): retomando o flanar pelo conjunto de apps e após testar condições de infraestrutura tecnológica da metrópole, o autor percebe que há uma versão pocket de sua cidade: uma pequena Porto Alegre que cabe no seu bolso, que ele pode acessar sempre que desejar, consultando-a e levando-a consigo para todos os lugares que frequentar.
Ao invés de guias impressos, livros, mapas, estamos na companhia de um smartphone e um conjunto de aplicativos nele instalados que atualizam essa prática de se relacionar e percorrer a metrópole. Conforme aponta, essa forma de interagir com a metrópole ocasiona [por meio de práticas de navegação por telas de smartphones] um novo experimento performático em sua perceptiva tátil (touchscreen). Assim, “junto a essa experiência tátil, constitui-se também uma agradável experiência visual, pois se percebe uma representação gráfica com novos símbolos inseridos no intuito de representar referências, funcionalidades e atores presentes no ambiente virtual dos apps”. (TAROUCO, 2014, p. 130). Aqui o autor traz como exemplo o app “Waze”, recupera o app “B.O. Coletivo”.
4) A geocodificação urbana (#mapasdigitais): uma vez que mapas impressos, guias telefônicos e pedidos de informações para taxistas e moradores locais eram os recursos mais utilizados até pouco tempo atrás, hoje utilizamos como recurso mapas digitais interativos na Internet. Alguns exemplos: “Google Maps” (para celular), “Mapas” (da Apple), “iStreetView” e “Waze” (adquiridos pela Google e aos poucos sendo incorporado pelo Google Maps).
O que se observa é uma ressignificação dos mapas impressos, bem como as placas de sinalização e as informações nos postes, as quais muitas vezes assumem uma ligação com a Internet (via QRCode, por exemplo): trata-se da metrópole digital reprojetando as informações ‘materiais’. Portanto, temos a ocorrência de hábitos sendo transformados pelo uso das tecnologias e novas formas de interagir com a metrópole sendo validadas e aperfeiçoadas, em função da precisão desses serviços crescerem proporcionalmente à evolução do software (TAROUCO, 2014).
5) A mobilidade na metrópole digital (#emmovimento): tange a questão da funcionalidade destinada à mobilidade urbana que alguns apps tem explorado. Nesse contexto, somado ao flanar do autor, atribuiu-se o desafio de explorar a participação das tecnologias móveis nesta realidade, dando continuidade à sua observação da metrópole comunicacional digital via apps. Assim, a tarefa ganhou uma configuração de uma experimentação dos diferentes modais que recebem suporte de aplicativos móveis, projetados especificamente para interagir com cada um dos meios de transporte coletivo.
Os apps selecionados para tal foram: “Moobly” (PoA Trânsito); “MetroSP”; “Easytaxi”; “BikePoa”; cada um com suas especialidades e diferenciais. O que se percebe aqui é uma constante e crescente interação entre os serviços de mobilidade para a metrópole e os usuários de dispositivos móveis, os quais estão sempre sendo mediados por aplicativos neles instalados. São novos hábitos sendo constituídos no cotidiano da cidade/cidadãos.
6) Já fez check-in? (#estiveaqui): as ferramentas de mídias sociais, ao serem propagadas, passam a difundir o hábito de compartilhamento público de informações e, também, a criação colaborativa nos mais distintos formatos. O ato de compartilhar dados tornou-se um hábito que foi intensificado com o suporte dos dispositivos móveis e aplicativos desenvolvidos para esta finalidade.
Observa-se um desenho de um ‘novo hábito’ social sendo configurado: o recorrente ato de registrar presença nos lugares frequentados, informando a própria localização aos seus contatos, em tempo real – o check-in. Aqui foram explorados os apps Foursquare o qual transferiu sua função para o Swarm.
7) Geração digital e a cultura de expressão identitária (#me #eu): neste fragmento, ao flanar pelos aplicativos e imagens que não só promovem como também estimulam uma cultura de expressão identitária do sujeito, o pesquisador observa que o mesmo aos poucos vem se adequando à essa nova realidade: seja no sentido de refletir e dosar a forma de se expressar e de se expor em ambientes virtuais coletivos; seja na recepção, absorção e interação com o que é compartilhado pelos demais. Em meio a sua exploração, Tarouco intensificou sua participação em ambientes abertos à coletividade e proporcionados pelos apps.
O que se compreende é que o sujeito digital, discutido em sua tese, passa a ser um grande beneficiário de tal liberdade de expressão promovida pela sociedade da informação. Ainda que não seja uma forma perfeita, a comunicação mediada pelos aplicativos nos dispositivos móveis estabelece uma ponte criativa com a informação, com os outros usuários e com o seu meio.
8) Testemunhos urbanos (#ficaadica): aqui, Tarouco busca flanar pela metrópole comunicacional que emerge de uma série de testemunhos compartilhados por usuários de aplicativos móveis, com o intuito de identificar os aspectos informacionais presentes nessas ações e, também, as interações e conexões polifônicas que vão sendo estabelecidas na concepção de uma metrópole digitalmente experimentada.
Os testemunhos analisados foram acessados de forma aleatória no app Foursquare, permitindo com que o pesquisador se perdesse metodologicamente entre os comentários, deixando-se afetar por eles. Tendo em vista que a polifonia se encontra tanto no objeto como, também, no método aplicado, compreende-se, assim, que aqui se vai além da mensagem transmitida em cada comentário publicado: há inúmeras vozes presentes no acesso, na visualização, nas interpretações e nos compartilhamentos de dados como reação aos testemunhos urbanos.
9) A repaginação das páginas amarelas (#guiasdeserviços): a partir do surgimento de aplicativos móveis especializados em guias de serviços, funcionando de maneira integrada e complementar aos aplicativos de geolocalização, estes apps (voltados para turistas e moradores locais) apresentam facilidades para quem precisa planejar uma viagem ou buscar por serviços em uma metrópole.
Para isso, neste fragmento foram experimentados os aplicativos Yelp, Tripadvisor City Guides e Pocket Guide Barcelona. Como vem sendo apontado até o momento nos demais fragmentos que estão sendo observados, a softwarização da metrópole se mostra contínua e sem sinal de desaceleração, especialmente quando passamos a perceber uma atualização de elementos emblemáticos de nossa sociedade os quais vão sendo impactados e/ou substituídos por ferramentas de cunho tecnológico digital (guias telefônicos e turísticos, por exemplo).
10) Um atalho ao desconhecido (#tursimosemtemposdigitais): cada vez mais os recursos tecnológicos estão presentes nas práticas e rotina da sociedade. Com aplicativos de geolocalização, guia de serviços, mobilidade urbana, redes sociais e de compartilhamento de imagens, se promove uma atmosfera de pertencimento do usuário em relação ao território experimentado.
Isto é percebido ao utilizar aplicativos como o Instagram, Foursquare, Tripadvisor, Waze e AoVivo, por exemplo, os quais, conforme aponta o pesquisador, estabelecem um atalho ao desconhecido – como se carregamos conosco versões de bolso de cada metrópole. Portanto, a metrópole no meio digital a qual é percebida pode assumir inúmeras formas conforme a performance de apropriação e o repertório de quem o acessa.
11) Imagens urbanas (#selfie #vemprarua): tendo um aumento significativo dos dispositivos móveis e o incremento das tecnologias digitais, as imagens fotográficas passam a absorver características contemporâneas de uma era digital. Há uma espécie de atualização das imagens fotográficas da metrópole que antes, majoritariamente, habitavam cartões postais, registros de viagens e ocasiões especiais, e hoje abrem espaço para uma nova cultura de expressão social: um hábito de eternizar através de fotografias compartilhadas os mais diversos momentos e atividades do cotidiano.
Este é um movimento que, potencializado pelos aplicativos para dispositivos móveis, possibilita para além do compartilhamento intervenções nessas imagens, fazendo com que se propaguem e que se exerça a criatividade artística e projetual de seus autores – o que pode ser observado no Instagram. Tarouco constata que a difusão de imagens oriundas da metrópole comunicacional passam a se propagar intensamente com o uso de aplicativos móveis, o que não só divulga ao mundo os aspectos de uma cultura local, mas também apresenta uma configuração de processos midiáticos centrados no indivíduo.
12) A panóptica metrópole ao vivo (#sorriavocêestásendofilmado): em um cenário de múltiplas câmeras direcionadas para a metrópole (câmeras de segurança, de controle de tráfego, de meios de comunicação até mesmo particulares), identifica-se um conjunto de ferramentas que são projetadas para visualização desse tipo de imagem: são aplicativos para dispositivos móveis que recebem e compartilham sinais de webcams sendo transmitidas em diferentes partes do mundo (turísticas, de segurança, ambientes privados etc.).
Neste fragmento, foram observados três tipos de aplicativos com características distintas entre si, entretanto que possuem transmissão em tempo real que são capturados a partir de pontos do espaço urbano: AoVivo (câmeras nas cidades), WorldView (câmeras de pontos turísticos) e iCamViewer (câmeras de segurança). Este se mostra como um modelo de comportamento que se propaga na tecnocultura, auxiliando, assim, a formatar a cultura do flâneur digital.
13) Sociedade gamificada (#pontuando #ganhandoperdendooubrincando): além da digitalização dos serviços urbanos, observa-se a crescente presença de certas práticas que vêm do mundo dos games e dos entretenimentos, os quais inserem no cotidiano alguns aspectos competitivos, de pontuação, metas, avaliação e bonificação. Um exemplo de gamificação em meio aos dispositivos móveis é encontrado no Foursquare entre 2009 e 2014: o aplicativo permitia o usuário marcar sua localização geograficamente enquanto estiver presente em um determinado local e com isso, era incentivado que as pessoas utilizassem o aplicativo a partir da oferta de recompensas e pontuações para os que se engajaram com certa regularidade.
Para Tarouco (2014, p. 185), “com o uso dessas tecnologias, o indivíduo se torna personagem em tempo integral de uma disputa que passa a acontecer em seu próprio habitat”. Os elementos de gamificação presentes nesses aplicativos, com características que se assemelham aos audiovisuais locativos, passam a estabelecer dinâmicas performáticas com os deslocamentos pelo espaço físico.
14) Cidadania digital (#participaçãopopular): como o próprio nome já dá indícios, este fragmento volta o olhar para os aplicativos “cidadãos”, uma categoria que engloba alguns recursos para dispositivos móveis, como a Internet móvel, geolocalização e a câmera fotográfica, permitindo que seus usuários atuem enquanto unidades independentes de registro do que está acontecendo ao seu redor. Isso promove uma maior inclusão do indivíduo no que tange questões sociais da metrópole comunicacional, tendo as tecnologias móveis como canal de intermediação. Assim, foram observados os aplicativos Cidade Legal e Mi Ciudad Ideal.
Esses aplicativos móveis permitem a participação coletiva em causas originárias da metrópole, impulsionando a sugestão de soluções inovadoras para o lugar que habita e, também, fortalecendo o viés projetual e softwarizado da metrópole. Assim, cada usuário dessa tecnologia móvel se articula colaborativamente em diferentes frentes, representados aqui pelos apps.
15) As camadas de uma metrópole aumentada (#realidadeaumentada): o recurso da realidade aumentada (RA) é uma funcionalidade que vem sendo utilizada por alguns aplicativos móveis, adicionando camadas de informações que vão se sobrepondo às imagens capturadas em tempo real na metrópole comunicacional. Aqui, foram observados os aplicativos Wikitude e Spotter City Lens. Em seu processo de experimentação, Tarouco saiu pelas ruas de Porto Alegre com o aplicativo conectado, observando a metrópole comunicacional por essas lentes.
Ao experienciar a metrópole através de aplicativos de realidade aumentada, passamos a acessar seus fragmentos em forma de camadas virtuais sobrepostas: “algumas conectados por proximidade geográfica ou por semelhança dos segmentos filtrados que pertencem, outras que apenas se cruzam nas buscas realizadas por um flâneur digital”. (TAROUCO, 2014, p. 195). Tal prática amplia o horizonte para que o desenvolvimento de aplicativos móveis venham com novos projetos criativos, proporcionando interações diretamente com as dinâmicas da metrópole softwarizada.
Os 15 fragmentos que constituem seu movimento exploratório em sua pesquisa, atuam enquanto um processo de flaneuria utilizado para observar a metrópole comunicacional a qual o pesquisador acredita estar emergindo dos aplicativos móveis que com ela interagem. A construção da base do olhar metodológico construído a partir da fenomenologia e de autores, como por exemplo Walter Benjamin e Massimo Canevacci, somado ao modo com o qual se apropria da ideia de uma cidade polifônica, do flâneur, do narrador, e como isso o auxilia em sua movimentação da pesquisa molda a sua forma de observar e narrar, auxiliando, assim, em sua relação entre o método e o objeto.
Texto: Camila de Ávila.
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