A nostalgicidade enquanto um devir da tecnocultura audiovisual no cinema

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No dia 26 de Setembro, às 14h, ocorreu a banca de qualificação de doutorado do discente Maximiano Duval da Silva Cirne, em formato online. A pesquisa intitulada ”A nostalgicidade enquanto um devir da tecnocultura audiovisual no cinema”, orientada pelo professor Dr. Gustavo Daudt Fischer, contou com as considerações dos professores Dr. Michael Abrantes Kerr (UFPel) e Dra. Laura Loguércio Cánepa (UAM).

No início da sua apresentação, Max explicou que sua pesquisa partiu dos estudos sobre o papel da nostalgia na comunicação e que durante o processo da investigação, passou a compreender a nostalgia como uma qualidade do audiovisual atualizada em imagens produzidas por aparelhos midiáticos. Devido a essa compreensão, surgiu o conceito de nostalgicidade, virtualidade que mantém na memória algo em devir, baseado nos conceitos de duração de Henri Bergson e de audiovisualidades de Suzana Kilpp.

Após apresentar a sua questão norteadora “como a nostalgicidade se atualiza no cinema”, fez uma breve contextualização do conceito de nostalgia, inicialmente um termo criado em 1688 até a sua atualização na década de 70, onde foi relacionado a forma de comercialização de objetos e de narrativas que remetem ao passado e que condicionam nossas memórias segundo uma mídia propagadora.

Conseguinte, o pesquisador realizou uma flânerie, mapeando a nostalgia em diversos produtos da cultura pop.

Observou a nostalgia em produtos como a música, onde artistas utilizam a sonoridade do passado; videoclipes com referências culturais, assim como retorno de bandas extintas. 

Na televisão percebeu reality shows e novelas, reprises além de programas cujo conteúdo remete à restauração de objetos antigos.

Na publicidade encontrou objetos que remetem à estética de outra época ou que resgatam os logos originais.

Dados estes e outros exemplos, Max explicou que a nostalgia se tornou uma peça fundamental para a cultura pop, atingindo seu ápice nas últimas décadas. É uma memória que retorna, volta revisitada ou remixada. 

Aprofundando a relação entre o cinema e a nostalgia, propôs o cinema enquanto um dispositivo que aciona sentidos nostálgicos a partir da técnica e do corpo do espectador, dada a relação entre imagem e corpo por meio da afecção. 

O pesquisador também propôs pensar na memória a partir das mídias, onde percebe a imersão da nostalgia na tecnocultura. Para ele, é a partir da nostalgia que o cinema se torna “uma usina de reciclagem” de restos culturais, onde as imagens técnicas integram o cenário da tecnocultura, sendo que o cinema comunica um mundo tecnocultural através de suas imagens. 

Dessa forma, para investigar a nostalgia no cinema, Max criou uma planilha catalogando filmes que apresentavam características nostálgicas.

A partir desses dados, observou semelhanças nos processos técnicos, estéticos e narrativos agrupando em coleções:

Como corpus da pesquisa propôs analisar três filmes, mas para a etapa de qualificação escolheu analisar o filme Jogador n° 1. 

Metodologia

Max apresentou a sua metodologia objetivando desvendar a nostalgicidade no filme Jogador nº1

Ao analisar o filme Jogador n° 1, reuniu cerca de 184 frames do longa-metragem, analisando as imagens individualmente. A análise resultou em 240 referências percebidas nos frames e o resultado pode ser observado no gráfico abaixo:

Segundo estas observações, identificou duas constelações:

Nostalgicidade do corpo-espectador – composta por 136 imagens rearranjadas em forma sobreposta como um panorâma do que foi iluminado.

Nostalgicidade do mundo do filme – composta por 105 imagens também apresentadas em formas sobrepostas.

Como desdobramentos futuros, pretende explorar essas incidências encontradas na pré-análise em outros longa metragens, visando construir um panorama das possibilidades nostálgicas no cinema. 

A banca

Para a professora Dra. Laura Loguércio Cánepa, o texto é muito claro e acessível, apresentado de forma tranquila ao leitor sendo uma qualidade importante do trabalho. Destaca que o filme escolhido para a pré-análise, Jogador nº1, é uma ótima escolha, sendo o suficiente para a tese. Já para o professor Dr. Michael Kerr, o trabalho irá contribuir para os estudos da área da comunicação. Para ele, Max tem muita afinidade com o assunto, pois se coloca na pesquisa também a partir de suas memórias. 

Assim, a partir das considerações e sugestões feitas pela banca, Max deve considerar, junto ao seu orientador, os pontos importantes que foram colocados, para então seguir desenvolvendo a pesquisa até a sua defesa de doutorado.

Texto Flóra Simon da Silva 

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