Dimensões tecnoculturais dos jogos indie brasileiros

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No dia 5 de janeiro, às 14h, ocorreu a banca de qualificação de doutorado do discente Leonardo Andrada de Mello, em formato online. A pesquisa intitulada ”Dimensões tecnoculturais dos jogos indie brasileiros”, orientada pelo professor Dr. Gustavo Daudt Fischer, contou com as considerações dos professores Dr. João Ricardo Bittencourt (UNISINOS) e Dr. Tiago Ricciardi Lopes (UNISINOS).

No início da sua apresentação, Leonardo explicou que sua pesquisa aborda dimensões, técnicas e culturais dos jogos indie brasileiros. Neste sentido, trouxe os jogos digitais como um espaço ambivalente, que estabelece domínios, mas que também serve como espaços de subversão. Traz o conceito de nostalgicidade e virtualidade, baseando os conceitos de duração de Henri Bergson e de audiovisualidades de Suzana Kilpp.

Após apresentar o seu principal objetivo: “compreender as características dos jogos indie brasileiros em uma perspectiva tecnocultural”, Leonardo explica que seu caminho investigativo é baseado em uma “viagem espacial arqueológica procedural”, onde o pesquisador, antes de tudo, é um jogador. Os jogos são jogados repetidamente. Esta abordagem é inspirada na sensação de entrar em um espaço procedural, semelhante aos mapas procedurais em videogames.

Inicialmente, o pesquisador destaca o jogo “Dandara” para sintetizar vários elementos da pesquisa. Assim, discute o jogo em uma perspectiva cultural, enfatizando uma forte marca de gênero e raça como expressão política através da técnica.

O primeiro movimento para analisar os jogos, partiu de uma organização de um mapa com dimensões teconoculturais e sociais, dando um sentido visual para a organização de coleções.

A partir da relação de análise elaborada, Leonardo apresenta seu objeto de pesquisa “Bem Feito”, um jogo indie, onde destaca sua narrativa, além de suas tasks e sua materialidade enquanto jogo na indústria, discutindo-o em uma perspectiva social e tecnocultural.

A partir de sua análise, o pesquisador constroí um desenho investigativo que perspassa as atividades desempenhadas (farming, fishing), além de estéticas (creepypasta) do jogo “Bem Feito” em coleções que relacionam esses temas com outros jogos. Neste sentido, o autor constrói uma constelação chamada “cultural, política e social”, a qual discute os elementos colecionáveis (referências sonoras e mecânicas dos jogos) como representação vinculada ao regime de luta política.

No capítulo seguinte, Leonardo explora a dimensão tecnocultural temporal dos jogos indie brasileiros. Posteriormente, percorre uma linha do tempo dos jogos, elaborando uma coleção de materialidade dos dispositivos jogáveis dos jogos indie.

Nessa exploração, o autor afirma que o jogo “Bem Feito” é constituído a partir de vestígios de elementos correlacionados do tempo, “perpassando a história dos jogos digitais sem deixar de ser fruto do seu tempo”.

Como desdobramentos futuros, pretende produzir um capítulo dedicado à análise do conceito de jogo indie, a exploração de jogos que abordam temas como autoconhecimento e saúde mental, a criação de coleções específicas dos jogos jogados durante a pesquisa e dos jogos enquanto montagem. Além disso, a pesquisa visa ampliar algumas coleções existentes e analisar mais dois jogos, aprofundando assim a compreensão das dimensões tecnoculturais, políticas e sociais dos jogos indie brasileiros.

A banca

O professor Dr. João Ricardo Bittencourt (UNISINOS) expressou grande interesse na pesquisa, levando em consideração não apenas seu afeto pela temática, mas também reconhecendo a importância da conceptualização dos jogos indie como objeto de estudo. Por sua vez, o professor Dr. Tiago Ricciardi Lopes (UNISINOS) mencionou o progresso notável na pesquisa, evidenciando a capacidade do estudo em avançar no entendimento dos jogos indie.

Assim, a partir das considerações e sugestões feitas pela banca, Leonardo deve considerar, junto ao seu orientador, os pontos importantes que foram colocados, para então seguir desenvolvendo a pesquisa até a sua defesa de doutorado.

Texto Carolina Dietrich

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