“A tecnosegurança como sintoma contemporâneo” marca o segundo dia da 21ª Semana da Imagem

Na última quarta-feira, 8 de novembro de 2023, mediada pelo professor Dr. João Ricardo Bittencourt, tivemos a segunda noite da 21ª Semana da Imagem, com a fala da egressa do TCAv Dra. Roberta Krause. Intitulada “A tecnosegurança como sintoma contemporâneo: uma promessa dicotômica entre liberdade e controle”, a sua apresentação trouxe reflexões apresentadas em sua tese de doutorado, como segurança de dados, escândalos e vazamentos de informação que emergiram na rede social nos últimos anos.

Contextualizando um pouco sobre a sua temática e objeto, Roberta comenta que sempre teve curiosidade em entender mais a cultura e o social brasileiro a partir da publicidade – sua formação. Ao ingressar na linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais, passou a ser provocada por uma visão bastante diferente do que se tinha sobre história e sobre tempo em sua bagagem. Então a proposta de pensar a publicidade, especialmente a publicidade audiovisual, a partir de uma perspectiva que coloca a imagem no centro do pensamento sobre o tempo – ou seja, pensar as audiovisualidades a partir dessa construção. 

Dessa forma, sua pesquisa tomou um rumo um pouco diferente, onde Krause se deixou ser olhada pelo objeto, passando a pensar a perspectiva da memória da publicidade audiovisual a partir das imagens. A partir desse movimento, partiu-se para diversas interfaces, realizando uma cartografia, trabalhando muito forte com a perspectiva da arqueologia das mídias, onde essa perspectiva de tempo vem acompanhando Roberta desde então. Há uma intersecção muito grande entre os conceitos de memória, tempo e imagem no debate presente no TCAv.

Então nesse sentido, Krause fala como que surge a construção da tese, que é o tema de sua fala. A reflexão sobre o tema segurança, privacidade e proteção começou a partir de um seminário organizado pelo TCAv, onde recebemos o professor Dr. Peter Krapp, da Universidade de Irvine – Califórnia, onde ele apresentou algumas perspectivas sobre a história da segurança da comunicação, da segurança no sentido de transmissão “correta” (sem ruídos entre emissor e receptor) e como tudo isso aconteceu, despertando assim seu interesse. Foi nesse despertar pelo assunto, que Krause começou a estar mais atenta aos avisos de seus dispositivos: para leitura facial, biometria como uma qualidade de login, coleta de dados do histórico de navegação, etc.

Ao longo de sua fala, Roberta apresentou suas movimentações tecnometodológicas como colecionar, dissecar, mapear, escavar, flanar, bem como as constelações de sua tese. Esse processo se deu em duas ordens: pelas materialidades que são referentes ao seu percurso pela plataforma através da flânerie; e pelas virtualidades, as quais tangem as suas coleções, tocando nas ethicidades e imaginários a partir dos emolduramentos que dão sentido às constelações. O cerne desse seu arranjo metodológico se dá ao assumir o método intuitivo, em conjunto com as demais perspectivas trabalhadas (cartografia e escavação), como o seu método chave para, assim, explorar as interfaces, numa tentativa de compreender o território digital o qual circulava.

Sua pesquisa, portanto, apresenta aspectos sobre segurança, privacidade e proteção, especialmente observados na plataforma Facebook. Uma das contribuições de sua tese, é a formulação do conceito de “tecnosegurança”, um sintoma da tecnocultura contemporânea, que se espalha através e para além das mídias, produzindo uma ambiência que incorporamos como um modo de vida na sociedade.


Sua fala completa pode ser conferida no canal do TCAV no YouTube, e a sua tese pode ser conferida na íntegra através do link: http://repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12003


Texto: Camila de Ávila

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