Sentidos de tecnosegurança pela ambiência Facebook

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Na última sexta-feira, 21 de outubro de 2022, às 14h, ocorreu a banca de defesa da tese de Roberta Krause, intitulada de “Sentidos de tecnosegurança pela ambiência Facebook”. No formato online, a banca contou com as participações dos professores Dr. João Ladeira (UFPR), Dr. Gustavo Fischer (UNISINOS), Dr. Sara Feitosa (UNIPAMPA), Dr. Ronaldo Henn (UNISINOS) e do orientador Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes.

Sobre a pesquisa

Roberta traz aspectos sobre segurança, privacidade e proteção na plataforma Facebook. A tese surgiu a partir de uma reflexão sobre segurança de dados, escândalos e vazamentos de informação que emergiram na rede social nos últimos anos. Com um olhar pelo viés da tecnocultura e das audiovisualidades, a tese tem como objeto de pesquisa as atualizações de tecnosegurança pelas interfaces do Facebook, e se configura com o objetivo norteador de compreender como são construídos os sentidos durantes de tecnosegurança pela ambiência Facebook.

Através de autores como Bergson, que trata sobre a reflexão e a duração do objeto de pesquisa como uma virtualidade que se atualiza, Roberta explora as memórias e os sentidos das materialidades que surgem a partir da experiência do usuário na plataforma Facebook. Para desenvolver esse tensionamento, a autora situou sua tese em uma série de articulações que circundam memória, tempo e imagem. Entre os objetivos específicos, a autora formulou o conceito de “tecnosegurança”, o sintoma da tecnocultura contemporânea, que se espalha através e para além das mídias, com isso produzindo uma ambiência que incorporamos como um modo de vida na sociedade.

Passando por autores que conversam com as temáticas sobre tecnosegurança e construtos teconculturais, a autora imergiu em um eixo teórico que julga fundamental para a construção do objeto. Para isso, Roberta dividiu a pesquisa em dois movimentos, um mais voltado para a tecnocultura, segurança e privacidade, utilizando autores como Benjamim, Fischer e Manovich, e outra parte voltada para tecnosegurança, abordando autores como Chun, Lemos e Foucault.

Metodologia

Na proposta metodológica, Roberta trouxe um arranjo de iniciativas para dar conta da problemática do objeto. Para isso, foram feitos movimentos de colecionar, dissecar, mapear, escavar, flanar e constelar, e com isso, seu objeto se dividiu em duas ordens. Primeiro pelas materialidades, referentes ao percurso na plataforma com suporte ao flânerie. E, segundo, seguindo a ordem das virtualidades passando pelas coleções, nesse caso, as ethicidades e imaginários a partir dos emolduramentos que trazem sentido às constelações.

Roberta assumiu a intuição como método, ancorado a outras perspectivas, como a cartografia e a escavação, para explorar as interfaces em uma tentativa de compreender o cenário digital. A autora destaca que a constelação de dados refere-se a uma galáxia de dados, em comparação a uma unidade celular que por fim acaba se juntando a outras células, criando um resultado maior.

Análise

Roberta relacionou os ambientes dentro da interface do Facebook, que criam sensações de resgate à infância com referências à felicidade, diversão e local seguro. Em sua dissecação, mostrou uma composição de formas paralelas que representam as emoções dos usuários. Para a autora, emojis, curtidas, corações e outras manifestações seriam representações de como o você está se sentindo. Através destes recursos a plataforma traça o perfil do usuário e cria os ambientes de acordo com cada indivíduo. A plataforma constrói um imaginário sobre segurança, mas age por monitoramento e controle, uma manipulação emocional praticada pelo Facebook. Espaços onde os usuários são retidos para facilitar a entrega de anúncios e estímulos ao consumo dentro da plataforma. Na sua dissecação, também verificou-se que os usuários carregam sentimentos que permeiam ambientes: desenhos e formas lúdicas remetem à felicidade e à segurança, auxiliando na proposta da plataforma de viver fora de perigo em um ambiente seguro.

A banca

Após a apresentação da pesquisa, as manifestações dos professores foram positivas. A Dra. Sara Feitosa comentou sobre a pertinência do objeto da tese, que deve ser discutida na área da Comunicação, e a forma como a autora apresentou a plataforma Facebook como se houvesse um ensinamento ao usuário sobre os modos de existência. O Dr. João Ladeira (UFPR) apresentou questionamentos sobre a pretensão em desvendar as ideologias do Facebook. Em sua análise, a plataforma organiza justificativas para proporcionar diversão em um ambiente amigável ou é uma forma de alerta que trabalha em contraponto. Já o Dr. Ronaldo Henn comentou sobre o movimento complexo de colocar as imagens em movimentos nas coleções pelos ambientes, que, muitas vezes, definem nossa cognição. Por fim, o Dr. Gustavo Fischer falou sobre a relevância do tema, que coloca o Facebook como um ator contemporâneo na Comunicação e sobre o uso da plataforma como um estudo arqueológico e um devir nos estudos da cultura softwareizada.

Texto: Carlos Eduardo Vargas

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