Audiovisualidades plataformizadas nas estratégias das mulheres musicistas independentes de Porto Alegre no contexto da pandemia da COVID-19

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No dia 19 de outubro, às 13h, ocorreu a banca de qualificação de doutorado da discente Belisa Zoehler Giorgis. A pesquisa intitulada “Audiovisualidades plataformizadas nas estratégias das mulheres musicistas independentes de Porto Alegre no contexto da pandemia da COVID-19”, orientada pelo professor Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes, contou com as considerações dos professores Dr. Gustavo Fischer (UNISINOS) e Profa. Dra. Beatriz Polivanov (UFF)

Belisa partiu do tema e contexto da sua pesquisa, explicando que a partir de 2020, início da pandemia da Covid-19, ocorreu o fechamento de teatros, centros culturais e bares de Porto Alegre, como medida para contenção do vírus. Esse fato provocou perdas no setor cultural e consequentemente afetou artistas musicais independentes, aumentando inclusive as dificuldades enfrentadas pelas mulheres musicistas perante a sociedade. Ao mesmo tempo, observando que algumas dessas musicistas independentes lançaram produtos musicais nesse período, direcionou a sua pesquisa às estratégias online dessas musicistas a partir do audiovisual, segundo a perspectiva das audiovisualidades e da tecnocultura. 

Assim, formulada a questão norteadora “como as audiovisualidades se atualizam a partir das estratégias utilizadas pelas mulheres musicistas independentes de Porto Alegre para lançamento de seus produtos musicais no contexto da pandemia de Covid -19”, a discente definiu como objetivo da pesquisa compreender a atualização dos processos audiovisuais e a tecnocultura a partir dessas estratégias, utilizando audiovisuais em plataformas de redes sociais por parte das musicistas independentes. 

Dessa forma, definidos os objetivos, construiu seu referencial teórico segundo os conceitos de audiovisualidades, tecnocultura e plataformização, além das perspectivas da cena musical independente, constituição, lógicas e dinâmica, assim como as questões de gênero e música.

Proposta metodológica

Já como metodologia, partiu da cartografia e do procedimento da flânerie. Foi a partir desse movimento que definiu o corpus da pesquisa, delimitando o perfil das musicistas que lançaram trabalhos musicais entre o período de 10 de março de 2020 a 31 de agosto de 2021. Para esse movimento, buscou no Google inicialmente os termos: artistas, mulheres e música em Porto Alegre. Também reuniu outras combinações de termos. Dessa forma, Belisa definiu o corpus da pesquisa reunindo quatro musicistas e um grupo de cinco musicistas: Clarissa Ferreira, Gabriela Lery, Grupo Três Marias, Bianca Obino e Bel Medula. 

Segundo a discente, esse movimento gerou algumas reflexões sobre o assunto: muitas das artistas não tinham site e utilizavam o serviços como o linktree na bio do Instagram para divulgação. Nesse caso, ao olhar para a distribuição do conteúdo nas plataformas, identificou principalmente a utilização do Instagram para divulgação e de canais do Youtube como espaço para divulgação complementar, assim como identificou a preferência do Zoom para shows e eventos fechados. Junto a essas primeiras incursões no objeto, realizou um movimento complementar a partir de entrevistas exploratórias segundo o método dos relatos de vida, onde foram entrevistadas as musicistas Gabriela Lery e Clarissa Ferreira.

Na intenção de organizar os conteúdos detectados durante os movimentos citados, Belisa passou a colecionar os diferentes formatos de conteúdos audiovisuais relacionados às audiovisualidades, como vídeos gravados e vídeos ao vivo.

A partir da reunião desses dados, foram propostas as constelações da pesquisa, baseadas nas etapas estratégias de divulgação dos produtos das artistas. Já na pré-análise, para a etapa da qualificação, com a intenção de experimentar olhar para o referencial teórico junto às metodologias, Belisa escolheu uma das constelações propostas “obrigada por apoiar este trabalho”, onde foram apresentados três vídeos, observados na imagem abaixo:

Imagem produzida pela autora

Para Belisa, é possível dizer que dentro do período e materiais observados, considerando o funcionamento das plataformas, a partir de suas lógicas algoritmizadas, da cena musical independente dentro de seus modos de articulação e produção, assim como as questões de gênero e interseccionalidade em relação à música, que as musicistas encontraram formas de lidar com as características da plataformização no contexto da pandemia. Isso se deu a partir do audiovisual para divulgação em plataformas e seus sistemas de recomendação, assim como abriram novos espaços que podem subverter essas dinâmicas. 

A Banca

Os professores da banca iniciaram as suas considerações destacando a qualidade do texto, que está claro, coeso e bem organizado. Para a professora Dra. Beatriz Polivanov (UFF) o que Belisa traz de tema tem grande relevância por tratar das mulheres musicistas, pois estas ainda são muito invisibilizadas, principalmente no contexto da pandemia. Para o professor Dr. Gustavo Fischer, as considerações se voltaram a novos caminhos e aprofundamentos dos conceitos de audiovisualidades e tecnocultura, para que Belisa possa dar seguimento à tese. Terminada as arguições, a banca constatou a aprovação do texto de qualificação de Belisa. 

Texto: Flóra Simon da Silva

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