O início de 2022 foi de ótimas notícias para o projeto de pesquisa “Lab.Mem – Laboratório de Memória das/nas Mídias Online”, coordenado pelo Prof. Dr. Gustavo Fischer dentro do Grupo de Pesquisa TCAv, no PPGCC da Unisinos, em São Leopoldo. Submetido a dois editais em 2021, promovidos pela FAPERGS e pelo CNPq, o projeto conseguiu aprovação em ambos, o que amplifica o escopo da pesquisa e ratifica sua importância no cenário científico contemporâneo.
Visando contribuir significativamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do RS, o Edital FAPERGS 07/2021 – Programa Pesquisador Gaúcho concedeu uma verba de R$ 30 mil para aplicação no projeto, com maior ênfase na investigação das questões da televisão e publicidade online do RS. Já a Chamada nº 4/2021 – Bolsas de Produtividade em Pesquisa, publicada pelo CNPq, prevê um recurso mensal para promoção do projeto e amplia a divulgação do Lab.Mem a nível nacional, incluindo o Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer em um grupo seleto de pesquisas relevantes para o desenvolvimento científico brasileiro.
Sob um ponto de vista que se insere nas questões levantadas pela Arqueologia das Mídias, o LabMem busca refletir sobre como a mídia online preserva a si mesma e a outros meios e formatos de mídia a partir de fragmentos, rastros e restos memoriais de produções midiáticas que se preservam – de alguma maneira – no ambiente online, construindo coleções, experimentações e produtos que visam trazer à superfície discussões e reflexões sobre comunicação, memória, obsolescência, tecnocultura e audiovisualidades.
O LabMem parte da premissa do paradoxal estado de lembrança e esquecimento que caracteriza a memória das e nas mídias, em especial na ambiência online, entendendo que uma necessária preocupação com os estudos voltados para os produtos culturais ou midiáticos baseados na infraestrutura da internet é dar mais evidência à crença que, ao ritmo de crescimento e inovação protagonizado por empresas que atuam pesadamente no investimento e lançamento de novos produtos, junta-se outro, menos divulgado, menos ruidoso, mas de igual intensidade, de descontinuidade de uma quantidade significativa de produções dessa ordem.
Assim, o projeto entende que a efemeridade como característica das mídias é uma condição que precisa ser enfrentada, não para obstaculizar o processo de descarte/obsolescência, pois é também necessário que novas linguagens, formatos e meios possam se desenvolver e circular, mas ao retomar e colecionar aquilo que não possuiria mais sua utilidade “original” cria-se a oportunidade, justamente através do próprio meio online, de produzir novos construtos de memória das mídias.
Do ponto de vista metodológico, a pesquisa procurará desenvolver processos de “escavação” destas materialidades midiáticas que estejam no escopo do projeto e investigará formatos de construtos de memória em ambientes online para fins de desenvolver protótipos para os materiais escavados, com vistas à construção efetiva de coleções online. Em especial, entende-se que seja possível desenvolver tais processos em relação a dois segmentos: produção audiovisual televisiva de emissoras descontinuadas no estado do Rio Grande do Sul (TVCom, Octo.cc e TV Guaíba) e com possibilidade de inclusão de emissoras extintas que tiveram abrangência nacional como MTV e Rede Manchete, assim como de conteúdos produzidos diretamente para circulação online no campo publicitário (campanhas, anúncios, entre outros).
O LabMem carrega a ideia de que o próximo passo para as pesquisas no campo das Ciências Sociais Aplicadas é, sem abandonar o que fazem com muito rigor no que tange às produções científicas consagradas, encontrar formas de fazer aderir uma experimentação e prototipação que reforce o caráter crítico-reflexivo dos pesquisadores envolvidos e que possa ampliar a ideia de “impacto”, termo que se coloca cada vez mais urgente para as ciências não-duras nas apreciações sobre projetos e avaliações sobre programas de pós-graduação.
Nesta perspectiva, o projeto adota a visão de Lori Emerson, organizadora do projeto “What is a Media Lab?”, que entende que os media labs são diferentes de museus, na medida em que “[u]m laboratório, pelo contrário, comumente carrega consigo conotações de experimentação ativa e prática, consertando, sondando para ver como um determinado objeto (orgânico ou inorgânico) funciona, e talvez até novas criações desses mesmos objetos.”(Marecki e Emerson, 2017).
Parte daí a intenção de propor os primeiros passos para erguer um ambiente de estudo e experimentação laboratorial que permita que não apenas siga-se realizando uma cartografia de práticas de memória das mídias, mas que, com mais foco nas produções regionais e nacionais das mídias online, seja possível fazer movimentos de elaboração e experimentação de formatos de circulação destes conteúdos digitalmente produzidos.
Tanto o edital da Fapergs quanto o do CNPq preveem a duração de 3 anos de apoio ao projeto, o que promete dar ao LabMem a oportunidade de entrar em uma nova fase. Para Gustavo Fischer, a importância do aporte está atrelada ao reconhecimento do trabalho do Grupo de Pesquisa TCAv e da demanda por investigações no campo da memória das/nas mídias sob a perspectiva da tecnocultura audiovisual. “A ideia é com isso avançar na visibilidade da produção de todos os envolvidos direta ou indiretamente”, conclui Fischer.
Para saber mais sobre o LabMem e acompanhar a pesquisa mais de perto, siga as redes sociais do projeto, como Instagram , Facebook e YouTube.
Texto: Augusto Ramos Bozzetti
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