Atividade artística infantil na televisão: Tensionamentos e ethicidades sobre infância, trabalho e arte

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A tese “Atividade artística infantil na televisão: Tensionamentos e ethicidades sobre infância, trabalho e arte” foi defendida no dia 27 de outubro de 2021, às 14h, em modalidade online, pelo agora doutor Lucas Pereira Cunha. Sua pesquisa teve orientação da professora Sonia Estrela Montaño La Cruz e co-orientação de João Damasceno Martins Ladeira (UFPR).

Lucas é Mestre em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória (Unida). Também é especialista em Direito Público; especialista em Direito Civil e Processo Civil; e graduado em Direito pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (Fadivale). Seu doutorado foi uma parceria interinstitucional entre Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Fadivale.

A tese de Lucas partiu de uma inquietação ao observar crianças atuando em programas e novelas televisivas. Se antes tinha essa prática como natural, mudou seu entendimento após a formação acadêmica na área jurídica. Assim, nasceram os seguintes problemas de pesquisa: como o Direito elabora seus construtos acerca da atividade exercida por crianças adolescentes na televisão?; como a televisão constrói os elementos da infância a partir de seus programas e telenovelas?; e como os artistas mirins compreendem (e reagem a) as compreensões produzidas acerca da atividade artística por eles exercida?.

Corpus, método e teóricos

A pesquisa contou com três corpus. O principal deles foi o programa infantil “Bom dia & cia”, do SBT, cuja decisão proferida pela Justiça do Trabalho de São Paulo afastou os apresentadores Matheus Ueta e Ana Júlia. Além deste caso, incluiu análises de programas e telenovelas infantis exibidas pela Rede Globo e pelo SBT ao longo das últimas décadas, salientando o antagonismo estético e ético entre as emissoras. Por fim, abordou a carreira artística e os posicionamentos de personas televisivas acerca dos construtos e elaborações que lhes são dirigidos, entre elas Bruna Marquezine, Yudi Tamashiro, Maisa Silva, Jean Paulo e Matheus Ueta.

A metodologia utilizada articula arqueologia (Foucault), propiciando a escavação dos programas televisivos a partir de elementos identitários de infância, seja a partir de crianças em atuação, seja por meio de adultos estabelecendo representações infantis; e metodologia das molduras (Kilpp), que permitiu compreender melhor tanto a análise de elementos jurídicos quanto a identificação de territórios de sentidos produzidos pela televisão por meio dos eixos das ethicidades, molduras e imaginários.

Lucas desenvolveu a pesquisa em uma ambiência de interface a partir de teorias e fundamentos de Bourdieu (habitus, campos e capital); Luhmann (autopoiese, autorreferência e heterorreferência); e Kilpp (ethicidade e construtos próprios). Trabalhou com descrições do campo jurídico num contexto comunicacional, a partir dos artistas e afetações impostas por ambos campos em observação.

Avaliação

A banca foi composta pelos seguintes professores: Dra. Ariane Diniz Holzbach (UFF), Dr. Alexandre Pimenta Batista Pereira (UNIVALE), Dra. Cybeli Almeida Moraes (UNISINOS) e Dra. Débora Thayane De Oliveira Lapa Gadret (UNISINOS). Entre os apontamentos, destacou-se o trabalho interdisciplinar, estreitando laços entre as áreas da Comunicação e do Direito. Também foi salientado a forma como o pesquisador valorizou as falas das crianças, dando voz para que elas também comentassem sobre as questões da infância, do trabalho e da arte.


Por: Max Cirne

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