#TecnometodogiasTCAv: O quadro cinematográfico na obra de Sofia Coppola

postado em: Pesquisas, Tecnometodologias | 0

Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnicos-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e doutorado de integrantes e egressos do Grupo TCAv

Título do trabalho: "Todos os olhos estarão em você: O quadro cinematográfico na obra de Sofia Coppola"
Nível: Mestrado
Autor: Fernando Beretta Del Corona

Orientador: Dr. João Martins Ladeira
Ano de defesa: 2018
Link da dissertação: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7129

Fernando é graduado em Produção Audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2013) e possui especialização em Televisão e Convergência Digital pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2015). O mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (2016-2018), também pela Unisinos, na linha de Mídias e Processos Audiovisuais, abordou a construção do quadro cinematográfico em cinco filmes da cineasta norte-americana Sofia Coppola. 

A análise se baseou em uma série de procedimentos metodológicos que utilizam softwares para facilitar a observação e apropriação das imagens. Após assistir atentamente os longas-metragens, cada um deles foi levado ao programa VLC Player para obter frames específicos. Gerou-se, portanto, imagens-médias, ou seja, imagens que servem como síntese de um conjunto, revelando a proposta estética central. Também foi desenvolvido um resumo por escrito das obras, ressaltando importantes elementos encontrados dentro do quadro.

Manuseando imagens

Os movimentos realizados por Fernando compreendem a cartografia, que consiste em navegar (ou flanar) por um território de interesse na busca por pontos que possam ser mapeados, e também a dissecação, cuja intervenção técnica retira as imagens do fluxo cinematográfico, propondo-se a observar o que se encontra dentro das imagens. Segundo Suzana Kilpp, em seu livro “A traição das imagens” (2010), espera-se analisar como as imagens agem umas sobre as outras, reforçando-se ou produzindo tensões no agenciamento de sentidos. Após o processo, estas são devolvidas ao fluxo de maneira a encontrar o sentido global da união dessas imagens. 

Figura 1 – Frames de “As virgens suicidas” e “Encontros e desencontros”

Analisados em ordem cronológica, os cinco filmes são: As virgens suicidas (1999), Encontros e desencontros (2003), Maria Antonieta (2006), Um lugar qualquer (2010) e Bling Ring: A gangue de Hollywood (2013). Com as imagens destas produções, adotou-se o procedimento metodológico das constelações, responsável por reunir imagens a partir da cartografia e iluminar o objeto de pesquisa.  

A constelação inicial agrupou imagens de cada filme, podendo visualizar a narrativa em diferentes momentos e enquadramentos, todos sem movimento. Logo depois, os frames selecionados foram levados ao programa de edição Photoshop, a fim de facilitar o manuseio das imagens e a navegação entre elas. As imagens foram manipuladas, tanto separando quanto juntando as mesmas para encontrar possíveis significados. 

Figura 2 – Frames de “Maria Antonieta”

Esses procedimentos metodológicos possibilitaram comparações imagéticas e ainda a produção de esquemas variados, os quais ressaltaram padrões utilizados na construção do quadro cinematográfico, desde enquadramentos, duração de planos e movimentos de câmera até paletas de cores. Os filmes foram assistidos uma terceira vez no VLC e novas imagens foram retiradas do fluxo, sendo também adicionadas à análise, passando pelas etapas técnicas anteriores.  

Enfim, o que diz o quadro?

A dissertação, que buscou compreender a construção das imagens em cinco filmes, não se limitou às temáticas e às narrativas, partindo para características visuais em comum nas produções, identificadas a partir de elementos do plano, como enquadramento, iluminação, extra-quadro, movimento de câmera, mise-en-scène e outros. 

Figura 3 – Frames de “Um lugar qualquer” e “Bling Ring”

Os processos metodológicos, que envolveram o manuseio das imagens em softwares, iluminaram questões referentes ao corpo feminino, ao olhar das personagens, à vagueação, às molduras secundárias e terciárias, à quebra de clichês, aos tempos mortos, às janelas, aos espaços vazios e à repetição de imagens. 

Cada representação técnica e estética, segundo o pesquisador, contribuiu para construir um sentimento dentro do quadro cinematográfico, sendo este associado a um mal-estar social, à incomunicabilidade das personagens perante o mundo, algo que reflete um problema da sociedade contemporânea.

Texto: Max Cirne

Revisão: Rayana Garay

Deixe um comentário