TCAv presente no VII coMcult – Flusser 101

Dos dias 13 a 17 de setembro de 2021, aconteceu o VII COMCULT – Flusser101, de forma online. O evento foi realizado em homenagem à vida e à obra de Vilém Flusser, que faria 101 anos neste ano. Flusser nasceu em 1920, em Praga. Porém, a maior parte de seu trabalho intelectual se deu aqui no Brasil, visto que, por ser judeu, foi obrigado a fugir da Europa para escapar da perseguição dos nazistas. 

O TCAv compareceu no evento com dois trabalhos dos doutorandos Camila de Ávila e Lucas Mello Ness, que escreveram os resumos e apresentaram ambos em conjunto. Um dos trabalhos foi apresentado no dia 14, no GP Aspectos de Automação, e carrega o título de “Jogando com o Aparelho: Reflexões Flusserianas a partir do game Not for Broadcast“. 

Fonte: ppt dos autores

O jogo Not for Broadcast se dá através da visão do personagem Dave, operador de switcher, e se passa durante um regime totalitário distópico por volta dos anos 1980. Portanto, cabe ao jogador escolher quais comerciais e imagens irão passar na TV. Através dessas escolhas, pode-se observar as situações de aparente poder e autonomia, em que o jogador aprende a realocar códigos e significados neste mundo. Enquanto parte do jogo leva a crer que temos escolhas limitadas sobre conteúdos, outros são gestos da ordem do funcional e necessário, limites “da máquina” que subvertem a relação humano-máquina e fazem do jogador a peça necessária ao funcionamento daquele aparato complexo, cujo desejo parece ser conquistar, um dia, a autonomia.

Percebe-se que, dessa forma, tensionam-se os conceitos da programação, funcionários e aparelhos, e, também, pensa-se sobre a imagem e como ela pode alterar a sociedade. O trabalho tem a intenção de revelar a maneira que o game possibilita uma experimentação vivencial do que é apresentado por Flusser, a partir de títulos como Filosofia da Caixa Preta (FLUSSER, 2011), Mundo Codificado (FLUSSER, 2007) e Elogio da Superficialidade – o universo das imagens técnicas (FLUSSER, 2008).

O link de acesso para a apresentação desse trabalho é este.

O segundo trabalho apresentado pelos doutorandos, foi no dia 17, no GT Imagem e Imaginação, intitulado “Imagens Técnicas e os Limites dos Críticos: Discussões Flusserianas em tempos de abundância de imagens”. 

Fonte: ppt dos autores

Considerando a necessidade de se ter um olhar crítico sobre as imagens, Flusser propõe que à medida que as imagens fossem mais difundidas, elas viriam a sofrer um processo de desconfiança sob sua autenticidade: “são verdadeiras ou falsas?” “Autênticas ou artificiais?” “Qual seu significado?”. Fazendo relação com isso, busca-se observar a renderização de imagens, processo técnico que vem sendo cada vez mais utilizado pela facilidade de acesso a equipamentos e softwares.

Como objetos da análise, são trazidos alguns casos, como: o projeto de renders hiperrealistas do artista Blitter, a digital influencer Lil Miquela (@lilmiquela), plataformas como o MetaHuman Creator, e o popular software de modelagem SketchUp e o VRay, seu plugin de renderização. A partir desses exemplos e da abordagem de Flusser (2008), pretende-se mostrar a importância dessas discussões a fim de superarmos amarras que nos impedem de experimentar as potencialidades das imagens técnicas.

Para saber mais, assista a apresentação desse trabalho neste link.

Os resumos dos trabalhos também estão disponíveis na programação do evento, você pode acessá-los no site: http://www.comcult.cisc.org.br/programacao/. Em breve os anais do evento com um dos artigos completos será disponibilizado.


Texto: Clara Moraes

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