Tcav no Intercom 2021

O Intercom 2021 aconteceu entre os dias 04 a 09 de outubro. Com o tema “Comunicação e resistência: práticas de liberdade para a cidadania”, a modalidade neste ano ocorreu no formato virtual, e foi organizada pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).

No 44° Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, discentes e docentes do grupo TCAv participaram com suas pesquisas em diferentes GPs: Comunicação e Cultura Digital; Estudos de Televisão e Televisualidades; Games; Estéticas, Políticas do Corpo e Gêneros além da participação do egresso Ms. Jardel Orlandin e sua apresentação intitulada Página inicial do YouTube, concorrente ao prêmio Francisco Morel, prêmio concedido aos trabalhos de mestrado, e no qual Jardel ficou em primeiro lugar.


GP  COMUNICAÇÃO E CULTURA DIGITAL

No dia 04, na mesa Arte, tecnologia e cultura digital, a mestranda Bibiana da Silva de Paula apresentou a sua comunicação intitulada Técnicas “gambiarrísticas” na performance sonora Homem do espaço/homem da caverna, de Chelpa Ferro, com coautoria do professor Dr. Tiago Lopes. Nela, refletiram sobre as estratégias de reabilitação das materialidades obsoletas de alguns dispositivos tecnológicos. Para tanto, analisaram a instalação sonora Homem do espaço/homem da caverna, do coletivo Chelpa de Ferro, onde observaram o “emprego de técnicas experimentais que evidenciam o uso de procedimentos de ‘gambiarra’ com intencionalidade estética”. 

Imagem da apresentação da autora Bibiana da Silva de Paula

GP ESTUDOS DA TELEVISÃO E TELEVISUALIDADES

No dia 05, o professor Dr. Gustavo Daudt Fischer, participou da mesa Televisualidades e Arqueologias com sua apresentação intitulada Um laboratório para a memória das/nas mídias: as lembranças da televisão brasileira entre plataformas e fragmentos. Nela apresentou o projeto de pesquisa “Lab.mem: laboratório da memória das/nas mídias online” de forma sintética a partir de suas práticas de escavação arqueológica, propondo apresentar futuramente protótipos de novas experiências de acesso à memória da mídia brasileira. Esse projeto vem de encontro com as preocupações iniciais acerca “da ambiência tecnocultural das mídias digitais e das condições instáveis da preservação da memória televisiva brasileira“.

Imagem da apresentação do autor Gustavo Fischer

Outro participante da mesa Televisualidades e Arqueologias foi o doutorando Lucas Mello Ness com a sua pesquisa A Netflix Não É Televisão, Mas às Vezes Parece: Alguns Aspectos Sobre A Influência Do Aparelho Televisor Nas Funcionalidades Da Plataforma, onde propôs uma análise da funcionalidade “surpreenda-me” ou “título aleatório” da Netflix, abordando essas funcionalidades segundo perspectivas das arqueologias das mídias “enquanto eco do televisivo imposto pela presença cada vez mais usual da Netflix como software padrão dos aparelhos televisores“.  

Imagem da apresentação do autor Lucas Ness

Já no dia 07 tivemos a mesa Televisualidades e construção de sentidos onde a mestranda Amerian Aurich fez sua apresentação intitulada “Imagens de Loucura e Loucura das Imagens em Coringa (2019)”, com coautoria da professora Dra. Sonia Montaño. Nela, propuseram ver o filme Coringa (2019) como fragmentos – inspiradas no flâneur de Benjamin – e estes fragmentos apropriados por usuários e plataformas. Assim, “esses caminhos mostram as audiovisualidades do cinema que estão atreladas a uma cultura cuja técnica de produzir e de compartilhar imagens se torna uma obsessão“. Além disso, é possível pensar em instituições como o cinema, que demarcam territórios, tensionados por estas práticas.

Imagem da apresentação da autora Amerian Aurich

Ainda na mesa Televisualidades e construção de sentidos foi a vez da doutoranda Flóra Simon da Silva apresentar a sua comunicação intitulada A crise do monstro em Castle Rock na interface da StarzPlay, com coautoria da professora Dra. Sonia Montaño. Nessa proposta é possível ver o monstro da série Castle Rock sendo construído pela interface do canal StarzPlay, oferecido dentro da plataforma da Prime Vídeo. A construção desse “monstro que não se encerra na série, mas se dispersa em imagens dentro e fora dos enquadramentos, percebidas segundo a mídia carregada de memórias” é tecnocultural, possível a partir das lógicas da plataforma, da memória e corpo do usuário. 

Imagem da apresentação da autora Flóra Simon da Silva

Nesse mesmo dia, mas na mesa Televisualidades e Plataformas/Redes Sociais, o doutorando Augusto Ramos Bozzetti, fez sua apresentação O usuário-animador na construção do movimento das imagens, com coautoria da professora Dra. Sonia Montaño. Na apresentação ele problematizou a relação entre usuários e imagens a partir do aspecto de fruição delas, seu movimento. É a partir de diferentes estágios tecnoculturais e seus aparelhos, que são percebidos “os gestos dos aparelhos e os gestos dos usuários para entender, de um lado, o jogo que opera o movimento das imagens e, de outro, aquilo que pode ser descrito como animação em questões que não são assim tradicionalmente entendidas”.

Imagem da apresentação do autor Augusto Bozzetti

GP GAMES

No dia 05, na mesa Videogames, tecnocultura, apropriação (lúdica), a doutoranda Camila de Ávila apresentou, em coautoria com o egresso Dr. João Ricardo Bittencourt, a pesquisa As Cores de Diablo: Desvendando à Escuridão a partir do Cultural Analytics onde buscaram de forma laboratorial olhar para o jogo Diablo compreendendo “as imbricações tecnoculturais dos jogos digitais nas imagens técnicas“. Para isso, partiram para um movimento metodológico a partir do Cultural Analytics (MANOVICH, 2020) construindo um banco de imagens com os vídeos de longplay de Diablo, Diablo II e Diablo III disponibilizados no Youtube. A partir de softwares utilizados para coletar e analisar os frames dos jogos, os autores identificaram “os vestígios tecnoculturais e de game design nas imagens técnicas, principalmente quanto as cores”.

Imagem da apresentação dos autores João Ricardo Bittencourt e Camila de Ávila

Também na mesa Videogames, tecnocultura, apropriação (lúdica), a egressa Dra. Julieth Corrêa Paula apresentou sua pesquisa Apontar, Capturar e Armazenar: processualidades da Fotografia in-game – com a proposta de olhar para três jogos (Afrika, Beyond Good and Evil e Fatal Frame) onde o gesto fotográfico era visto como central, “logo narrativa e mecânicas se entrelaçam com as operações de captura e armazenamento das fotografias produzidas ao longo do gameplay”. Estas gestualidades fotográficas, constituídas pelas imagens e as experiências que incidem da fotografia in-game, são para a autora conjuntos de práticas “que articulam conceitos, materialidades, subjetividades e estéticas tanto da fotografia contemporânea quanto dos videogames.”

Imagem da apresentação da autora Julieth Corrêa Paula

GP CINEMA 


No dia 7, na mesa Metodologias de montagem em produtos audiovisuais e dispositivos, a doutoranda Simone Barreto de Almeida apresentou sua pesquisa Os mundos fílmicos arquivados nos buscadores: em busca de No Paiz das Amazonas, de Silvino Santos, no Google, onde percebeu a construção do filme No Paiz das Amazonas a partir do pensamento da montagem no espaço online. Para ela, a forma de acesso do filme é feita por uma plataforma, a partir da busca pelo filme em um buscador web, como o Google. Por isso, “este filme está sempre numa constante montagem, onde é possível perceber uma montagem temporal e montagem espacial” dentro deste espaço online.

Imagem da apresentação da autora Simone Barreto

GP ESTÉTICAS, POLÍTICAS DO CORPO E GÊNEROS


No dia 07 a mestranda Andressa Machado participou da mesa conjunta dos GPs Estéticas, Políticas do Corpo e Gêneros, Comunicação e Cultura Digital e Teorias da Comunicação, nas sessões 9 e 10, apresentando a pesquisa Entrelaçamentos interseccionais em Pink or Blue, escrito com coautoria do professor Dr. Tiago Lopes. Na proposta, tensionam as relações e dicotomias de gênero no curta-metragem Pink or Blue (2017). Além de debater sobre o binarismo homem/mulher e como o masculino se estabelece como gênero dominante (BOURDIEU, 2019), buscaram os aspectos voltados “às performances de gênero e as construtos sociais de masculinidade e feminilidade”. Assim discutiram sobre partes do curta-metragem à luz do conceito de interseccionalidade (AKOTIRENE, 2020).

Imagem da apresentação da autora Andressa Machado

PRÊMIO FRANCISCO MOREL

No dia 04 de outubro, o egresso Ms. Jardel Orlandin apresentou sua comunicação “Página inicial do YouTube“. Esta mesma apresentação foi feita na edição Intercom 2020, no GP Comunicação, Imagem e Imaginários, a partir do artigo submetido naquela edição “Página inicial do Youtube: moldura de um retrato de um Brasil em português”. Nela, foi analisada a página inicial do Youtube, seus algoritmos, configurações e a interface gráfica do usuário. Identificando a página inicial como uma estrutura na tecnocultura contemporânea, Jardel percebeu que o site constrói uma imagem com materiais que sugerem e que convocam imaginários relacionados ao país, onde “o reconhecimento do local de acesso e a marcação de um idioma propõem imagens de nações e de nacionalidades”.

Imagem da apresentação do autor Jardel Orlandin

Após avaliação dos jurados na edição passada, Jardel foi indicado pela organização como finalista ao prêmio Francisco Morel, concedido a trabalhos de mestrado, retornando então na edição de 2021 com a sua apresentação “Página inicial do YouTube”, onde foi novamente avaliado pelos jurados.

No dia 09 de outubro, junto ao encerramento do Congresso, ocorreram as premiações das pesquisas acadêmicas e onde foi concedido a Jardel o primeiro lugar no prêmio Francisco Morel. O trabalho apresentado é um recorte da sua pesquisa de mestrado “Passagens por territórios do Youtube: Sentidos identitários de América Latina na plataforma e imagens da tecnocultura contemporânea”.

Artigo Página inicial do YouTube: moldura de um retrato de Brasil em português – Jardel Orlandin – https://portalintercom.org.br/anais/nacional2020/resumos/R15-1592-1.pdf

Dissertação de mestrado de Jardel Orlandin – http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/9208/Jardel%20Orlandin_.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Texto: Flóra Simon da Silva

Deixe um comentário