Chegamos ao final de mais uma edição da Semana da Imagem.
Ocorrido entre os dias 07 a 10 de novembro, o evento comemorou a sua 20ª edição, em formato online.
Nesta edição, a Semana da Imagem teve como tema as Audiovisualidades da Tecnocultura abordado segundo diferentes perspectivas apresentadas pelos convidados Dr. Peter Krapp, Dra Lori Emerson, Dr. Bruno Seravali Moreschi, Dr. Julherme Pires e a Ms. Analu Favretto. Ao final de cada fala, contamos com a mediação dos professores Dr. Gustavo Fischer, coordenador do Grupo de pesquisa TCAv e do Dr. João Bittencourt, docente da linha de pesquisa de Mídias e Processos Audiovisuais, além da participação dos discentes e egressos do TCAv que integraram discussões acerca dos assuntos apresentados.
Confira os temas apresentados em cada mesa:
No primeiro dia do evento, dia 07, apreciamos a fala do professor Dr. Peter Krapp, professor de Estudos de Cinema e Mídias na Universidade da Califórnia Irvine, que abordou o tema “Is the internet a museum of computing?”. O pesquisador questionou os modos de arquivamento da história da computação, relacionando o uso da internet como meio de reunir e guardar informações sobre o dispositivo. Tal qual um museu da informática, a internet foi problematizada como uma forma de registrar e contar a história da computação segundo arquivos dispostos e acessados nas redes.
É possível conferir a palestra “Is the internet a museum of computing?” na íntegra no canal do youtube do TCAv.
Já no dia 08, foi a vez da Profa. Dra Lori Emerson, da Universidade do Colorado, apresentar o tema “Situated practices in the media archeology”. Em sua fala, problematizou o uso do conceito de laboratório, compreendendo a partir de uma abordagem arqueológica das mídias, como alguns espaços ditos laboratoriais utilizam esse conceito. Também apresentou alguns laboratórios, inclusive o Media Archaeology Lab, o qual coordena.
É possível conferir a palestra “Situated practices in the media archeology” na íntegra no canal do youtube do TCAv.
Na quarta, dia 09 de novembro, o pesquisador sênior do Center for Arts, Design, and Social Research, Dr. Bruno Seravali Moreschi trouxe a apresentação “Ver e praticar a visão computacional”. Em sua fala, Moreschi abordou a questão do que é o ver as imagens demonstrando, a partir de seus projetos, as relações entre a prática, o humano e o trabalho, considerando a problemática da imagem, do “estar aparente” e da visão computacional.
É possível conferir a palestra “Ver e praticar a visão computacional” na íntegra no canal do youtube do TCAv.
No dia 10 de novembro, fechando a 20ª Edição da Semana da Imagem, tivemos a exibição e debate de dois curtas-metragens: “É assim que eu me lembro” e “Meu pai vestido de trabalhador” dos egressos do TCAv, Dr. Julherme Pires e a Ms. Analu Favretto – respectivamente. Depois da apresentação, os convidados abriram as discussões sobre o tema “Da pesquisa ao filme”, mediada pelo professor Dr. Gustavo Fischer, onde cada pesquisador-realizador explicou a ideia de seus filmes, o processo de construção, além da abordagem dos conceitos como cinema e as relações entre a imagem e memória, trabalhados em suas produções audiovisuais.
Confira a palestra “Do Debate ao Filme” na íntegra no canal do Youtube do TCAv.
O professor Dr. Gustavo Fischer, organizador e mediador das mesas da 20ª edição da Semana da Imagem, concedeu uma breve entrevista comentando sobre a importância do tema escolhido, suas impressões acerca das pautas trazidas por cada convidado em relação ao tema do evento e por fim, sobre a sua participação como organizador e mediador do evento:
Questionado sobre a importância do tema escolhido, Audiovisualidades da Tecnocultura, para a 20ª edição da Semana da Imagem, Fischer destacou que “a ideia do tema escolhido era procurar ‘formalizar’ no evento, em sua 20a edição, a nossa atualização do nome do grupo. É uma atualização aparentemente sutil, mas no fundo trata-se de um modo mais eficiente de resumir a proposta do grupo: investigamos as imagens que fazem a diferença no contexto tecnocultural, seja as “imagens dessa tecnocultura” de que tempo cronológico ou espaço físico pertencer. Portanto, trata-se mais uma vez de chamar a atenção para a potência da “evolução criadora” das audiovisualidades e a demanda de entendimento da visada tecnocultural, problematizando as questões da técnica como devires da cultura.”
Já sobre cada convidado e a importância das abordagens feitas em cada mesa para o tema Audiovisualidades da Tecnocultura, Fischer explicou que seus comentários são muito específicos e ressaltou que “é fundamental pensar em como cada um de nós do TCAv ou interessados no campo do audiovisual, da memória cultural, das imagens e/ou das mídias quer “usar” as falas realizadas”.
Dito isso, apontou que as abordagens feitas pelos convidados “permitiram que pensássemos por exemplo, na dimensão da memória como construto no caso do “museu da internet / internet como museu” proposto pelo prof. Krapp. Também sua palestra nos faz pensar em como os museus podem ser “meios” e, nessa medida, como eles conseguem ou não dar a ver as dimensões tecnoculturais dos objetos que ali estão colecionados. Lori Emerson, por sua vez, expos outro paradoxo: o desafio de trabalhar com a perspectiva dos Media Labs em um contexto em que a palavra “Lab” associa-se a praticamente qualquer elemento que deseja ser visto como “hype” ou então em que os Media Labs apenas servem à fins muito específicos ligados às empresas financiadoras. No meio disso (ou fora disso) um Media Lab pode tentar criar outro modo de ser, em que ao mesmo tempo em que experimenta e “desvia”, consegue também entregar resultados e obter financiamento. Bruno Moreschi nos trouxe a dimensão da imagem digital ou da imagem algorítmica como algo que pode ser “visto” pela máquina, mas que essa visão ainda não é suficiente para nos dizer toda a complexidade que uma imagem possui. A distinção humano-maquínico precisa ser revisitada. Por fim, nossos egressos hoje realizadores audiovisuais, Julherme e Analu nos presentearam com imagens e palavras que se montaram entre a exibição de seus curtas e suas próprias lembranças sobre como foi produzi-los e como eles acabaram revisitando os conceitos mais recorrentes no tcav como memória, lembrança, imagem, arquivo, entre outros através dos seus filmes”.
Por fim, avaliou a sua participação como organizador e mediador das mesas, destacando que para ele foi “um privilégio ter participado “tão de perto” nessa 20a Semana da Imagem, aprendi muito mais uma vez, só insisto em estar dentro do tcav ou em outras frentes por ser esse o meu critério: aprender sempre. Espero que possamos fazer mais coisas com os arquivos audiovisuais dessas palestras e instigo nosso grupo a tentar fazer estas falas ecoarem de outras formas em nossas redes sociais, nas nossas pesquisas e nas nossas vidas. Uma nota mais crítica ao final, ou ainda, um sentimento paradoxal: infelizmente, apesar de tanta qualidade nas falas, tivemos um comparecimento baixo de pessoas assistindo e senti falta de mais participação de nossos alunos nas perguntas e comentários. Uma pena, pois o esforço de todos nós foi muito grande para reunir os palestrantes e abrir espaço para nosso grupo em um ano tão difícil para o nosso PPG. Provavelmente temos de revisar formatos, horários, participantes, talvez os alunos possam propor outros caminhos“.
Texto: Flóra Simon da Silva
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