Audiovisualidades na pandemia: Imagens da guerra Rússia x Ucrânia nas redes sociais

Estamos todos conectados por redes sociais que nos apresentam amostras de versões de mundo. Uma dessas versões é a suposta guerra entre Rússia e Ucrânia. Suposta, não por ser falsa enquanto acontecimento, mas por não apresentar a guerra como ela é e, sim, como construto imagético e tecnocultural.

Quem se atualiza sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia pelo Instagram e Facebook enxerga imagens que a Meta (antiga empresa Facebook), considera mais adequadas para o seu perfil. O que está em jogo não são as imagens em si, mas o resultado de cookies e do algoritmo que entregam conteúdo no mosaico de retângulos. Essas combinações de conteúdos são geradas de forma independente em cada conta de Instagram devido as centenas de milhares de combinações geradas a partir da subjetividade de gostos dos usuários.

Fonte: Pesquisa no Instagram em 28/03/2022 entre 15h e 16h, a partir do perfil @ricardozenimoreno

Nesta guerra escolhi me alienar imageticamente, pois não quero ver imagens que destroem ainda mais meu psicológico. Ao contrário dos usuários das redes sociais, o algoritmo não funciona por subjetividade. Sua ação é objetiva, computada pelos dados percebidos ao longa da navegação, preferências, tempo de visualização, geolocalização, quem segue, hastags, busca e até microfone aberto em segundo plano.

Fonte: Pesquisa no Instagram em 28/03/2022 entre 15h e 16h, a partir do perfil @ricardozenimoreno

As artimanhas usadas pelo “editor robô” são ainda uma incógnita para a maior parte dos usuários. O que ocorre após a busca por imagens da guerra em um perfil que não faz isso, normalmente, é o aparecimento automático de novas notícias e imagens relacionadas ao tema.

Fonte: Pesquisa no Instagram em 28/03/2022 entre 15h e 16h, a partir do perfil @ricardozenimoreno


Os sites de redes socias possibilitaram a democratização do protagonismo midiático. Os usuários tornaram-se canais de comunicação ambulantes, capazes de criar suas próprias narrativas midiáticas e explorar olhares anteriormente monopolizados pelos conglomerados tradicionais de jornalismo e publicidade.

Fonte: Pesquisa no Instagram em 28/03/2022 entre 15h e 16h, a partir do perfil @ricardozenimoreno

O usuário tende a pensar que a rede social é sua, visto que ele mesmo cria o endereço, insere a fotografia e desenvolve os conteúdos. Na prática, somos transitórios e os canais digitais delimitam a atuação, oferecendo alguns recursos e subtraindo tantas outras possibilidades que não correspondem ao objetivo desejado pelo software.

As visões, textos, fotos e vídeos sobre a guerra fazem recortes da realidade capazes de promover identificação e reflexões no espectador. Há denúncias de que a invasão russa da Ucrânia levou à publicação de vídeos e fotografias falsos ou enganosos nas redes sociais. Algumas das imagens checadas pela BBC incluem registros de conflitos anteriores na Ucrânia ou em outras partes do mundo.


Atualizações no Instagram

No dia 23 de março de 2022, o Instagram anunciou alterações no algoritmo que puderam ser percebidas gradativamente pelos usuários ao redor do mundo. Como uma forma de dar mais autonomia e acatar as críticas sobre o app ter eliminado a opção de visualizar as postagens em ordem cronológica, os usuários passaram a alternar três versões diferentes na tela inicial: Página Inicial, Favoritos e Seguindo.

Até então, o feed era atualizado com recomendações de conteúdos que combinavam com o modo de ser e gostos de cada usuário. Com a atualização, ocorre uma mistura de conteúdos: posts produzidos pelos usuários seguidos, bem como indicações do Instagram.

Outro recurso é acompanhar tudo o que for postado pelas contas que o usuário classificar como “favoritas”. Além disso, quando o usuário só quiser ver o conteúdo de quem ele segue, basta selecionar a função “seguindo”.

Texto: Priscila Boeira


Fontes consultadas:

FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta. São Paulo: Hucitec, 1985.
Linha e Superfície. In: O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2017.

MANOVICH, Lev. The language of new media. Cambridge: MIT Press, 2001.

Sites:
* https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/02/fake-news-na-invasao-da-ucrania-como-saber-se-fotos-e-videos-sao-reais/
* https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60517791

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60517791

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