#TecnometodologiasTCAv: Imagens em Crise: construtos de ambiguidade em imagens fotográficas no Instagram

  • Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.
Título do trabalho: Imagens em crise: construtos de ambiguidade em imagens fotográficas no Instagram
Nível: Mestrado
Autor: Rodrigo Brasil de Mattos
Orientador: Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes
Ano de defesa: 2020
Link da dissertação: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9123

Rodrigo Brasil de Mattos é graduado em Comunicação Digital pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), obtendo seu título de mestre em Ciências da Comunicação na mesma instituição, no ano de 2020. Desde 2014 atua como fotógrafo, com foco em casamento e aplicação do conceito storytelling.

Em sua dissertação desenvolvida junto a linha de Mídias e Processos Audiovisuais no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (UNISINOS), Rodrigo investiga as imagens em crise a partir do Instagram, tendo nele espaço de desenvolvimento e tensão técnica capaz de impulsionar novas sensibilidades estéticas e formas de comunicação, oferecendo características do nosso tempo.

De acordo com o autor: “o Instagram se apresenta não somente como um gigantesco crescente repositório de imagens produzidas pelos seus usuários, mas, sobretudo, como um grande acervo de tecnocultura visual contemporânea, que potencializa a produção de imagens em crise”.

O trabalho tem interessante aspecto tecnometodológico, porque em sua análise o autor emprega três eixos de observação, que expõem os âmbitos de crise da imagem fotográfica dos dias atuais. Partindo da ambiguidade das imagens, ele emprega um rico caminho sobre seu corpus, destacando a integralidade de um capítulo para explorar as ferramentas necessárias para o desenterrar das imagens em crise.

O primeiro eixo de observação, ou primeiro estrato, refere-se a fotografia de interface. “O referido conceito se estabelece como sendo uma atualização do modo de ser da fotografia, refletindo sobre a sua nova constituição em meio a ambientes nos quais a imagem fotográfica não deve ser pensada considerando apenas o referente dentro do quadro fotográfico, mas sim, articulada a elementos interativos da interface (ou seja, responsáveis por gerar outras noções de imagem)”. Ao visualizar a proposta, podemos perceber sua potência para estudos acerca da tecnocultura e audiovisualidades:

Fotografia de Interface.

A análise é empregada sobre a totalidade dos elementos, maiores que a soma de suas partes, visto que são compostos pelas transversalidades e atravessamentos emergentes dessa relação que parece se conduzir a uma indissociabilidade.

O segundo eixo aborda o Instagram, por suas funcionalidades, usos e apropriações, como dispositivo produtor de imagens em crises, em virtude de suas lógicas de atuação, fundadas na remixabilidade e no acervo.

“O Instagram, em sua forma de hub concentrador de técnicas, coloca-se como um instrumento fotográfico autossuficiente, pois disponibiliza todos os recursos do aparato fotográfico digital e ao mesmo tempo reúne funcionalidades interativas para a publicação e circulação dessas obras. Contudo, quando não são utilizados os recursos fotográficos nele imbricados, ele assume uma função exclusiva de um acervo digital interativo que permite com que outros usuários possam dar continuidade à constante (des)construção de outras imagens, assim tecendo teias de imaginário por onde circulam”.

Neste mesmo eixo, o autor destaca elementos da plataforma que favorecem e impulsionam a hipermidiação:

Atributos de hipermidiação.

Já o terceiro eixo opera os aspectos memoriais e históricos das imagens em crise, a partir de “conceitos tais como da ‘teia de imaginário’, este eixo provoca reflexões para que se pense a constituição dessas obras fotográficas contemporâneas como diversos fragmentos de um passado que se apresenta sempre atual ao retornar como parte constituinte dessas fotografias”. Essa proposta, por mais que seja atravessada por uma carga teórica, é trabalhada e compreendida materialmente:

Teia de imaginário.

Assim, o autor evidencia que as camadas de ambiguidade são impulsionadas pela interface do Instagram que propicia e fomenta a construção da teia de imaginário e a imagem em crise que dela advém. Indo além, o autor busca as camadas evocadas a partir das referências e comentários, empregando-lhes um olhar arqueológico.

Teia de Imaginário.
Túnel de memória.

Rodrigo aproxima de forma clara e didática as peculiaridades de sua materialidade aos aspectos relevantes de sua abordagem teórica, através de um operar tecnometodológico rico e singular, visual e coerente ao seu corpus e objetivo de análise. Seu movimento torna-se peça interessante a compreensão e propositura de olhares sobre plataformas atuais como o Instagram e, também, um bom exemplo de articulação para sua análise. Acesse o trabalho completo para mais detalhes!

Texto: Lucas Mello Ness

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