#TecnometodologiasTCAv: Estado sizígio de televisão: Por uma metodologia do som no audiovisual

Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.

Título do trabalho: O estado sizígio de televisão: Por uma metodologia do som no audiovisual
Nível: Mestrado
Autora: Magda Rosí Ruschel
Orientadora: Dra. Suzana Kilpp
Ano de defesa: 2008
Tags: desenho do som; metodologia audiovisual; televisão; ritmo; estado sizígio.
Link da Tese: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/2626

Magda Ruschel é psicóloga e professora dos cursos de Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Comunicação digital e Produção Fonográfica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), com experiência na área do som no audiovisual. Em sua dissertação de mestrado, O estado sizígio de televisão: por uma metodologia do som no audiovisual, defendida em 2008 no PPG em Ciências da Comunicação da Unisinos, orientada pela Profa. Dra. Suzana Kilpp, a autora estuda o desenho das sonoridades televisivas e a criação de ambiências para programas, analisando, através de infografias, edições do Jornal Nacional e do Fantástico.

Para execução da análise, Magda se apropriou do método intuitivo de Bergson e dividiu a metodologia em três atos: o salto no problema de pesquisa, que tem como regra “aplicar a prova do verdadeiro e do falso aos próprios problemas, denunciar os falsos problemas, reconciliar verdade e criação no nível dos problemas” (Deleuze, 1999, p. 8); o salto cartográfico, que trata de “lutar contra a ilusão de reencontrar as verdadeiras diferenças de natureza e as articulações do real” (Deleuze, 1991, p. 14); e, por fim, o salto no laboratório, que visa “colocar os problemas e resolvê-los mais em função do tempo que do espaço (Deleuze, 1999, p. 22). 

Na prática, a pesquisadora fez uma escuta atenta em TVs caseiras e em aparelhos que se situavam no ambiente urbano – onde as sonoridades se misturavam -, permanecendo ao menos uma hora realizando a atividade, e em diferentes horários do dia. Após a escolha dos empíricos, gravou os programas na íntegra, incluindo os brakes comerciais, e dissecou tecnicamente os áudios. Para a captação do som, Magda instalou o aparelho dentro do estúdio de áudio e utilizou um microfone, para que não houvesse interferência de sons externos. O material foi processado no programa Sound Forge 5.0. Segundo a pesquisadora, “ a tarefa computacional deste software envolve a entrada e saída de informações e a emissão de resultados; o aparelho utilizado possui um processador dedicado à parte das imagens gráficas do som”. As operações executadas no formato 16 kbites por segundo com área de 1.4.

Partindo para os empíricos, a autora iniciou sua análise pelos fragmentos sonoros do Jornal Nacional: 

Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora

Magda observou que, no telejornal, há a espera – representada pelos repetidos silêncios – como um efeito de sentido permanente, bem como blocos rítmicos que dão uma aparência de continuidade e atividade rítmica moderada. A pesquisadora também apontou que essa estética clean, asséptica e aparentemente simples se dá por razões comunicacionais demandadas pelo jornalismo mais ortodoxo que o programa exige.

Depois, a autora dissecou o desenho de som do Fantástico:

Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora
Fonte: elaborado pela autora

Já no espectro sonoro do Fantástico, a pesquisadora detectou a prevalência de uma ambiência polifônica, ou seja, com várias texturas, gerando assim recorrentes bandas sonoras ao longo do programa. Além disso, ele apresenta ritmo difuso, com paisagens fluidas de uma moldura a outra, o que torna os momentos de silêncio mais raros e contribui para uma estética do excesso e do ruído.

Texto: Ananda Zambi

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