Na última sexta-feira, dia 06 de agosto, às 14h a discente Bibiana da Silva de Paula defendeu sua banca de qualificação de mestrado, cujo título da pesquisa é “O artista parasita: a gambiarra como processo experimental em artemídias sonoras”. Com orientação do Prof. Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes, a banca ocorreu de forma remota e contou com Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer (UNISINOS) e Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter (IFRS) como avaliadores.
A partir de três grupos de objetos empíricos (uma instalação artística sonora, o trabalho de uma banda que cria seus instrumentos musicais e uma exploração laboratorial sonora da própria autora), a pesquisa de Bibiana de Paula se ancora na intuição bergsoniana para questionar como a gambiarra se atualiza em artemídias sonoras.
Na composição metodológica, Bibiana propõe uma cartoescavação, a qual mescla atributos dos métodos de cartografia e escavação. Para tal, a pesquisadora faz uso do Laboratório de Hacking, o qual, segundo de Paula, se trata de uma proposta de escavação de mídia arqueológica.
“Se refere a um espaço aberto à experimentação conceitual e aplicada, voltado a escavar dispositivos tecnológicos/artísticos/comunicacionais, que por vezes são associados a uma escavação empírica denominada de cartoescavação”.
Em sua pré-análise, Bibiana de Paula se propôs a analisar uma de suas constelações, chamada Gambiarras domesticadas. Nesta constelação, a pesquisadora agrupou objetos observáveis que continham características similares, como o hacking em artefatos obsoletos; a utilização de eletrônica experimental e na ideia de dispositivos open source, (ou código aberto) para livre experimentação. Dentre os objetos analisados pela autora estão: uma cartoescavação realizada pela própria pesquisadora chamada Objeto sonoro não-identificado (OSNI); uma obra de instalação sonora e performática do coletivo Chelpa Ferro que se chama Homem do espaço/homem da caverna; e uma análise do trabalho da banda Senyawa, que observa a criação de instrumentos musicais, bem como outras abordagens que levam em conta distintos ambientes, como laboratórios criativos, internet e o próprio ambiente da indústria fonográfica.
Os comentários da banca trouxeram várias provocações à pesquisa. Dentre as falas do Prof. Dr. Marcelo Bergamin Conter (IFRS), ele questionou a pesquisadora acerca do que se trata o ruído, elemento importante dentro de seu trabalho:
“A gente começa a ouvir um som que não compreendemos e a gente pensa nele como um ruído. Mas à medida que o ouvido vai se acostumando, isso vai se transformando para nós e a gente passa a reconhecê-lo (…) Citando a Suzana Kilpp, a gente começa a aprender a dissecar a massaroca que é o ruído”.
Texto: Andressa Machado
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