Arquivo e experimentação na tecnocultura em rede é tema da XVIII Semana da Imagem em 2020

A tradicional Semana da Imagem na Comunicação, promovida pelo grupo de pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura: Comunicação, Memória e Design, vinculado a linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais do PPGC da Unisinos, chega a sua décima oitava edição em 2020. 

O evento acontece entre os dias 16 e 19 de março no Auditório Central da Unisinos, campus São Leopoldo. As palestras começam sempre às 20h.

A abertura acontece na segunda-feira, 16, com a palestra The Error at the End of the Internet, ministrada pelo professor Dr. Peter Krapp, da Universidade da Califórnia, Irvine. Krapp abriu a XVI Semana da Imagem, em 2018, com uma palestra sobre glitch como estética digital

Na terça-feira, 17, o cineasta e pesquisador Lucas Bambozzi apresentará a palestra Do invisível ao redor: arte e espaço informacional:

A apresentação analisa as transformações recentes da noção de “lugar” diante da emergência dos espaços informacionais, em sociedades permeadas por conectividade, fluxos distintos de comunicação e redes tecnológicas. A pesquisa parte da observação das novas especificidades de um espaço arquitetônico que inclui cada vez mais aspectos imateriais em sua constituição, como campos de radiofrequência (RF) e ondas eletromagnéticas (EMF) gerados por celulares, redes wi-fi, transmissões de TV, satélites e telefones sem fio. Tal contexto é tema ou objeto de discussão de uma arte em constante atrito com elementos da comunicação, em relações que se intensificaram notavelmente nos últimos 30 anos. Trata-se de apontar formas e recursos que permitam fazer ver os componentes intrínsecos de espaços que passam a ser considerados pelo que não é visível em sua constituição, a partir de novas camadas e especificidades, fazendo emergir também os aspectos discursivos e políticos envolvidos.

Na quarta-feira, 18, a especialista em preservação e estratégias de acesso do audiovisual Ines Aisengart Menezes falará sobre Cultura digital e impacto nas práticas de arquivo:

Breve introdução aos desafios e aos recentes desenvolvimentos da área de preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, com referência às políticas para a produção do audiovisual, à gestão do patrimônio cultural e à profissionalização. Reflexões em torno do desenvolvimento tecnológico, das práticas culturais/sociais em torno do digital, da profusão de tipos de registros de audiovisual com o advento do digital e do impacto nas práticas de arquivo. Por fim, uma análise de aspectos da tecnologia atual de dispositivos pessoais, da privacidade e do “Capitalismo de vigilância”.

E a palestra do professor Dr. João Ladeira, Blockchains e criptoedas: ruído onipresente e arquivo infindável:

Objetos importantes para o campo da comunicação residem nas frações mais variadas das mídias digitais. A disciplina tem tentado se ater não apenas às mídias às quais se atribuiu a capacidade de transmitir informação. Ao contrário: numa compreensão que remontam a Benjamin e da qual a arqueologia da mídia se apropriou, a natureza da própria técnica se torna questão de pesquisa. Logo, torna-se lícito investigar tecnologias como os blockchains, ferramentas indispensáveis para as criptomoedas. Esses protocolos permitem transações virtuais nas quais o conteúdo da comunicação se torna não mensagens supostamente dotadas de sentido, mas o trânsito de um significante vazio: o dinheiro. Blockchains consistem em registros digitais contábeis, arquivos infinitos que mobilizam bancos de dados e retomam a expectativa de registrar fluxos de qualquer tipo. Inspirado numa discussão teórica que compartilha da visão de Kittler sobre as mídias digitais, compreende-se o blockchain como parte de uma tendência cara à rede de discurso típica ao contemporâneo. Interpreta-se seus traços como parte do decréscimo da crença no sentido transcendente da palavra e da consciência humana, transformando os fluxos de comunicação num circuito ininterrupto de dados, propenso menos à hermenêutica e mais à necessidade de administrar os erros e ruídos, que ameaçam com a perda de informação enquanto acenam com a recordação interminável de qualquer ato. Numa discussão arqueológica, apresenta-se a conexão entre essa ferramenta e aqueles processos identificados por Kittler em obras como Drácula e Brain Damage (Pink Floyd), na tentativa de compreender essas artimanhas do discurso.

O encerramento desta edição acontece na quinta-feira, 19, com a palestra The What and Why of Found Footage Horror, do professor Dr. Xavier Aldana Reyes, da Universidade Metropolitana de Manchester.

Acompanhe as redes do TCAv para mais informações sobre o evento.

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