A Tecno(contra)cultura do Rock Brasileiro em 1986

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Na última segunda-feira, dia 8 de agosto, às 14h, a discente Ananda Zambi de Albuquerque enfrentou sua qualificação de mestrado. A banca aconteceu de forma remota e foi composta pelos avaliadores Prof. Dr. Thiago Soares (UFPE) e Prof. Dr. Julherme Pires (UTFPR), além da presença do orientador Prof. Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes (UNISINOS).

A apresentação da pesquisa de Ananda, intitulada como “A Tecno(contra)cultura do Rock Brasileiro em 1986”, teve início com uma breve contextualização a respeito da escolha do tema, que se manifesta como uma porta de entrada para a pesquisa musical.

Na sua pesquisa, Ananda busca encontrar as materialidades audiovisuais a respeito do gênero de Rock no brasil, especialmente na década de 80, através do recorte do ano de 1986.

O problema de pesquisa apresentado, que se estabelece na perspectiva das audiovisualidades da tecnocultura, se constitui na seguinte formulação: Como a tecno(contra)cultura brasileira se atualiza nos videoclipes do BRock lançados em 1986?

Já o objetivo geral se volta para “investigar como as audiovisualidades da tecnocultura se manifestam no rock brasileiro dos anos 1980, buscando compreender, principalmente, como a ideia de contestação é enunciada através de videoclipes lançados no ano de 1986. Os objetivos específicos, então, passam por mapear materialidades audiovisuais do BRock de 1986 através de artefatos visuais e sonoros de bandas da época – capas de disco, roupas, fotos, performances, videoclipes dentre outras; Identificar, nos materiais selecionados, procedimentos tecnoestéticos que enunciem a ideia de contestação na tecnocultura do BRock; Além de perceber tendências e atualizá-las à luz dos fenômenos contemporâneos, buscando compreender, nas durações, as continuidades e as rupturas do BRock em 1986 em nossa época.

Após os objetivos, Ananda, contextualizou alguns dos pontos históricos prévios ao ano de 1986 e que contribuem para montar o cenário de sua pesquisa. Para ela, o clima pós o fim da ditadura Militar, o Rock in Rio e a consolidação da cultura jovem na metade da década de 1980 apontam para o BRock como um porta-voz de um anseio por liberdade. Um outro fator levantado pela discente se mostra pelo teor de insatisfação das produções culturais como músicas, LPs, shows e performances da época.

Além dos pontos já citados, Ananda também elencou alguns acontecimentos do ano de 1986, que para ela, motivaram a escolha em um recorte específico neste ano. Dentre eles estão o Plano Cruzado, o aumento no poder de compra e no número de consumidores no mercado, o crescimento exponencial da venda de discos e a profissionalização da indústria fonográfica nacional.

A fundamentação teórica construída pela discente aborda os tradicionais temas da linha de pesquisa mídias e processos audiovisuais, e do grupo TCAv, como Tecnocultura (Shaw, 2008), Audiovisualidades (Kilpp et tal, 2015), Cartografia (Canevacci, 2004; Molder, 2010), Dissecações (Kilpp, 2002), bem como publicações específicas ao tema de estudo, como o BRock (Alexandre, 2014; Dapieve, 2015), Contracultura (Pereira, 2009; Fenerick, 2021), e o videoclipe (Soares, 2004 e 2013).

Ananda também apresentou o corpus definido para sua pesquisa, constituído atualmente pelos videoclipes “Homem Primata – Titãs”; “Envelheço na cidade – Ira!”; “Alagados – Os paralamas do Sucesso”; “Revanche – Lobão”; “Louras Geladas – RPM” e “Só o fim – Camisa de Vênus”.

Já o arranjo metodológico organizado para o trabalho é centrado no Método Cartográfico de Massimo Canevacci (2004) proposto por Walter Benjamin, adaptado do conceito de mapeamento geográfico ao espaço urbano buscando encontrar através da ação do Flâneur referências escondidas. A proposta busca tornar familiar o que é estrangeiro e estranho o que é familiar e é colocada em prática através do mapeamento e organização dos objetos empíricos em coleções e constelações.

As respectivas coleções e constelações foram apresentadas pela discente na etapa de pré-análise. Ananda coletou imagens relacionadas ao rock nacional dos anos 80, onde buscou fotos de bandas e capas de discos. Também fez uma pesquisa flutuante pelo YouTube, colecionando 30 videoclipes, que posteriormente refinou para 9 clipes. Além destes movimentos metodológicos, também foram feitas coletas de frames e escavações relacionadas à história das músicas e dos clipes coletados. Através dos materiais coletados e da abordagem metodológica citada, foram organizadas três coleções, intituladas como “Urbanidade”, “Performatividade”, “Factualidade”.

Partindo para as avaliações, as colocações dos professores se manifestaram em parabenizar e aprovar a discente pela escrita e desenvolvimento do trabalho. Foram feitas sugestões de possíveis aprofundamentos teóricos, bem como uma maior aproximação a temática do videoclipe, além de comentários pontuais com o objetivo de trazer tensionamentos para possibilidades de análise.

Texto: Gabriel Palma

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