A produção de memória artística: os museus do isolamento

O distanciamento social já não é mais nenhuma novidade para ninguém a essa altura do ano. Ao redor do mundo, vários países retomam suas atividades presenciais e reabertura de museus, centros culturais, dentre outras atividades de lazer. Porém, essa realidade talvez demore um pouco mais a chegar no Brasil, uma vez que o isolamento – em teoria – continua vigente no país. 

Todavia, como uma alternativa de “driblar” a quarentena e fomentar o acesso à cultura, destacamos hoje na série de Audiovisualidades na Pandemia duas iniciativas que visam aproximar do público das produções culturais e artísticas, são elas os perfis de Instagram CAM The Covid Art Museum e Museu do Isolamento Brasileiro

No auge da quarentena nos países europeus, logo no primeiro trimestre de 2020, o Covid Art Museum foi criado pelos publicitários espanhóis Irene Llorca, José Guerrero e Emma Calvo, sendo ele o primeiro museu de arte nascido durante a pandemia do coronavírus. O perfil de Instagram compartilha as criações de artistas do mundo inteiro, sejam elas ilustrações, colagens digitais, fotografias, animações ou vídeos. Não importa o tipo de arte desde que ela traga tensionamentos e reflexões durante o período de isolamento por conta do COVID-19. Nele é possível vermos releituras de obras clássicas, como O Filho do Homem, de René Magritte, e, inclusive, a própria Monalisa, de Leonardo Da Vinci, equipada com máscara, luvas, álcool gel e escudo facial.

 Já no Brasil, o Museu do Isolamento Brasileiro é fruto da iniciativa da criadora de conteúdos Luiza Adas, que já mantinha um perfil no Instagram no qual ela compartilha dicas culturais e artísticas. De acordo com a própria Luiza, a ideia de criar um espaço onde pudessem ser compartilhadas obras e criações artísticas foi uma forma que ela encontrou de continuar fomentando as dicas culturais, além de ser uma plataforma de visibilidade para artistas que, por vezes, não possuem suas obras exibidas em galerias ou museus físicos. 

O museu virtual encabeçado por Luiza Adas, ao contrário do criado na gringa, visa a divulgação e publicação de obras que não são, necessariamente, vinculadas ao contexto da pandemia. Enquanto o Covid Art Museum foca em obras que tenham como foco refletir ou satirizar o período de pandemia, o Museu do Isolamento Brasileiro busca trazer a produção artística e cultural brasileira independente do tema que a obra aborda. 

O destaque dessas duas iniciativas, acima de tudo, se dá por ser um espaço de memória coletiva. Ou seja, são plataformas que permitem que no futuro possamos rever o que produzido no contexto artístico durante o período de pandemia e como esses artistas expressaram os sentimentos que os perpassaram durante o isolamento, seja em forma de sátira, conscientização ou esperança.

Texto: Andressa Machado

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