A discente Amerian Aurich defendeu sua qualificação de mestrado na última quinta-feira, dia 26/08, às 14h, com a pesquisa intitulada “Construtos de loucura no cinema contemporâneo: um olhar tecnocultural sobre a insanidade a partir de Coringa (2019)”, em banca remota formada pela orientadora Profa. Dra. Sonia Montaño (UNISINOS) e pelos avaliadores Prof. Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes (UNISINOS) e Profa. Dra. Ana Paula da Rosa (UNISINOS).
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O tema da pesquisa é a loucura no audiovisual, focando nos construtos fílmicos de loucura no cinema do séc. XXI a partir do filme Coringa (2019) por entender esta obra como central sobre o assunto e também pelos desdobramentos midiáticos que obteve desde o seu lançamento, potentes para pensar o conceito de loucura sob uma perspectiva tecnocultural. Assim, além de tentar entender como a loucura se atualiza no cinema contemporâneo, Aurich busca também perceber como o próprio cinema se reconstrói nas diversas apropriações em rede e o que estes construtos fílmicos de loucura revelam sobre a nossa tecnocultura atual.
O arranjo metodológico construído nesta investigação está baseado em três eixos principais: a Flânerie, movimento baseado no personagem do flâneur, de Benjamin, cuja ideia é a de libertar o olhar, passeando pelas imagens e observando-as de maneira a percebê-las fora do seu contexto original, as Coleções e Constelações, agrupamentos de imagens que organizam afinidades e aferem sentidos individuais e coletivos e as Molduras, que a partir de um procedimento de dissecação das imagens, pretendem dar a ver os territórios identitários ali presentes, os sentidos por eles produzidos e os imaginários que ali estão compartilhados.
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Até aqui, o movimento de Flânerie é o que está mais adiantado. A ideia é de perceber o filme como uma obra fragmentada, cujos fragmentos são apropriados e ressignificados por usuários e plataformas. Assim, foi possível entender como o conceito de loucura passa a ser interpretado a partir das montagens feitas entre todas estas apropriações e o próprio filme. Neste movimento, Aurich encontrou desde vídeos tutoriais que ensinavam a fazer a maquiagem do personagem, passando por filtros de aplicativos e as mais diversas apropriações do tema, como os memes, os “challenges” que recriam a clássica cena da escadaria do filme, paródias humorísticas, etc., até as manifestações sociais de diferentes vertentes políticas que se valeram também de diferentes leituras sobre “Coringa”.
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Ainda em caráter experimental, estas imagens estão sendo organizadas em nove coleções que se agrupam em três constelações diferentes. Na primeira, chamada de “Corpo”, estão “Riso, Máscara e Dança”, na segunda, chamada de “Mente”, estão “Transtorno, O Louco e Palhaço” e na terceira constelação, chamada de “Mundo”, estão as coleções “Protesto, Isolamento e Violência”.
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Por fim, a Pré-Análise se debruçou sobre a Coleção “Riso”, buscando dar a ver como as relações entre o filme, a sala de cinema e a internet reimaginam este elemento como um símbolo da loucura, uma representação daquele que é considerado louco a partir de normas sociais estabelecidas e dos construtos audiovisuais que daí emergem.
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Com aprovação dos avaliadores, a banca impulsionou a pesquisa de Amerian Aurich no sentido de reforçar seu desejo de não apenas fazer um estudo sobre a loucura, mas de tornar claro de que maneira esta se constrói audiovisualmente na tecnocultura contemporânea.
Texto: Augusto Ramos Bozzetti
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