Nesta edição da série Tcav Indica, apresentamos o artigo #Challenge Memory Unlocked:
O TikTok como dispositivo construtor de memórias audiovisuais a partir da música, de autoria do mestrando Gabriel Palma e do professor Dr. Gustavo Fischer, que foi publicado na Revista Eco-Pós, v. 25 n.1 em 2022.
O artigo examina um fenômeno muito comum no TikTok, aplicativo de criação e compartilhamento de vídeos curtos: os challenges, ou seja, os desafios, que consistem em reencenações de vídeos virais que são repetidas pelos participantes utilizando sua própria imagem. O trabalho analisa mais especificamente o challenge #MemoryUnlocked, em que os usuários convocam uma canção pop associada à sua adolescência, construindo, assim, uma espécie de passado audiovisual. Os autores propõem uma cartografia pelos audiovisuais desse challenge e elencam os conceitos de memória (Bergson, 2006), dispositivo (Parente, 2007) e banco de dados (Manovich,2001, 2015), a fim de compreender melhor os construtos de lembrança evidenciados pela música e a cultura do remix, altamente estimulada pelo TikTok.
Para exemplificar, Palma e Fischer utilizaram um mashup – uma mescla de diferentes músicas – criado por um usuário da plataforma: “Good 4 U”, de Olivia Rodrigo, e “Misery Business”, da banda Paramore, resultando no remix “Misery 4 U”.
Como primeiro procedimento de análise, foi criada uma coleção, “que, como o termo sugere, implica em localizar, agrupar e armazenar determinados objetos” (FISCHER; PALMA, 2022, p. 264), em que foram agrupados cinco vídeos com as características principais do desafio. Os autores explicam como ele funciona:
Também foi realizada uma dissecação, que consiste em um procedimento de ordem técnica que discretiza a imagem audiovisual, evidenciando “as montagens, os enquadramentos e os efeitos de imagens discretas que não têm sentido no vídeo, mas que são praticados para produzir sentidos” (apud KILPP, 2010, p. 28).
Dessa forma, os autores identificaram que o challenge em questão aciona, através da música, imagens-lembrança nos usuários, que, ao mesmo tempo, audiovisualizam a recordação no presente. Além disso, a memória não é evocada apenas no âmbito subjetivo, mas também no âmbito tecnocultural, em que se evidenciam propriedades de diversas mídias, como, por exemplo, ao empregar recursos próprios do dispositivo cinematográfico, como tipos específicos de enquadramento, corte e montagem, ferramentas dentre tantas que estão disponíveis no TikTok e que possibilitam que as imagens simulem estéticas de outras épocas, como, no caso, dos anos 2000.
Essa caracterização também é perceptível na caracterização dos atores com a estética do Emo, ou seja, composta por maquiagens escuras e marcadas, cabelos lisos com franjas diagonais longas escondendo um dos olhos e por roupas de cor escura.
Assim, o artigo busca compreender o TikTok como um “dispositivo inscrito dentro de um conjunto de práticas da tecnocultura contemporânea, em que a audiovisualização de si, por assim dizer, vem sendo aspecto recorrente em diferentes materialidades presentes em ambientes online” (2022, p. 270) e vem ganhando determinadas especificidades dentro do aplicativo.
Para conferir o artigo completo, clique aqui.
Texto: Ananda Zambi
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